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Bombeiros de Samora e Benavente suspendem transporte de doentes sem requisições |
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Administração dos hospitais garante pagamento, mas as associações só retomam os serviços com os verbetes na mão. Os doentes são as principais vítimas do diferendo.
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As associações de bombeiros de Benavente e Samora Correia suspenderam o transporte de doentes para os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, em Lisboa, sem verbetes emitidos pelas unidades, em protesto contra os atrasos nos pagamentos por parte da administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte (EPE). A situação está a prejudicar dezenas de doentes que têm dificuldade em arranjar alternativa para se deslocarem aos hospitais para consultas e exames de diagnóstico. “Há doentes graves que não podem ir nos autocarros e estão a recorrer ao táxi, pagando quantias insuportáveis”, avança José Medeiros, familiar de um doente que está a ser acompanhado no Hospital de Santa Maria.
Um transporte de táxi a Lisboa com um período de espera mínimo de duas horas não fica por menos de 100 euros.
Daniel Ferreira, presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Benavente, reconhece os problemas causados aos doentes, mas garante que teve de tomar uma medida de força contra “a falta de sensibilidade” dos administradores dos hospitais. “Temos mais de sete mil euros para receber por negligência e incumprimento dos responsáveis do Centro Hospitalar de Lisboa Norte e precisamos do dinheiro para pagar aos funcionários e aos fornecedores”, referiu. A tesouraria da associação está sufocada porque tem por receber de várias entidades públicas e privadas mais de 85 mil euros.
No caso da corporação de Samora Correia, a dívida do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, referente a serviços para os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente, é de 3.500 euros, segundo avança José Pedro Ferro, presidente da direcção da associação. As dívidas de terceiros à instituição de utilidade pública ascendem a mais de 20 mil euros porque “houve uma recuperação nos últimos meses”.
A administradora da EPE, Susana Pombo, explicou a O MIRANTE que a situação está a ser avaliada e que as associações serão ressarcidas dos montantes em dívida com brevidade. A responsável reconheceu que os atrasos se devem a problemas com a documentação que estão a ser analisados. Os responsáveis das associações garantem que cumpriram com todos os procedimentos e “quem está em falta são eles”.
Desde o início do ano, os hospitais estavam a requisitar os serviços por telefone ou por fax com a promessa de enviarem os verbetes dias depois. Só que, segundo os dirigentes dos bombeiros, “chegam a demorar dois meses para enviar os verbetes e depois seguem-se mais três meses (90 dias)” para o pagamento das facturas.
“Nós fazemos um favor ao Ministério da Saúde porque transportamos abaixo do preço de custo e ainda temos de financiar os hospitais”, lamenta Daniel Ferreira que promete endurecer a posição se a situação não for corrigida na próxima semana.
José Pedro Ferro refere que a associação de Samora também não irá retomar os serviços sem garantias da administração dos hospitais. “Transportes só com verbetes que garantam o pagamento”, refere.
Os directores dos bombeiros admitem que o transporte de doentes seja pedido por telefone desde que o motorista possa levantar o verbete na secretaria dos hospitais enquanto aguarda pelo atendimento do doente. “Temos é de ter um documento oficial para podermos receber em tempo útil”, concluem.
Maria das Dores, familiar de um doente que utiliza o transporte dos bombeiros de Samora, diz entender os argumentos das associações mas lamenta que os principais prejudicados sejam os que mais precisam. “Os pais dos ministros e dos administradores dos hospitais devem ter alternativas em clínicas privadas”, remata.
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Autor: José Palha |
Publicado em: 29-09-2008 19:40:37 (14656 Leituras, Votos 1432) | Fonte: O MIRANTE |
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