esde os tempos da monarquia que existia em Alcabideche uma Associação
cultural denominada "Grupo União Alcabidechense", que embora
fosse anterior tinha como data oficial o ano de 1910.
Paralelamente também havia na localidade a partir de 13 de Junho de 1911,
uma estação de Serviço Contra Incêndios (Nº2),
da Associação Humanitária e Recreativa Cascaense, que ficou
sediada no edifício (hoje actual Panisol) sito na Rua João Pires
Correia que teve desde o seu inicio um carro-carreta com bomba braçal de
marca Noel, adquirida em França e que acudia a qualquer sinistro não
só dentro do lugar de Alcabideche, mas em qualquer outro ponto da freguesia,
pois o carro-carreta podia ser atrelado a outro veiculo.
Como esta apenas se dedicava a parte de socorros e assistência , pensou-se
em criar uma Corporação independente que conjuga-se esta parte com
a parte cultural e recreativa.
O grupo de fundadores era constituído por uma comissão organizadora
a qual era composta por: Manuel Henrique Paulo, António Jacinto da Silva,
Vítor Martins, João António Henrique, Vítor Pereira,
José Vicente dos Santos Roquete, Valentim Henrique, Joaquim José
da Cruz, Avelino Vicente, Jorge Faria de Oliveira, Luís dos Reis Silva
e António Silvestre, e por uma assembleia geral formada por: Valentim Henrique,
Alexandre de Figueiredo, Joaquim Martins, Eduardo Santos Roquete e Jaime da Encarnação.
Os elementos fundadores aperceberam-se desde logo que sendo a povoação
pequena seria mais útil uma união de esforços do que a existência
de vários grupos com o mesmo objectivo, e assim pensou-se numa fusão
entre as duas colectividades. Esta deu-se a 5 de Janeiro de 1927.
A 29 de Março de 1927, uma comissão que era composta pelos Senhores,
Manuel Henriques Paulo, Vítor Martins, João António Henriques
e Valentim Henrique, sendo este último o 1º Patrão e Chefe
do Posto de Incêndios n.º 2 de Alcabideche, reuniu com a Direcção
da Associação Humanitária e Recreativa Cascaense e por estes
senhores foi dito que desejavam constituir uma Corporação de Bombeiros
Voluntários com autonomia própria, ou seja a absoluta independência,
pelo que foi deliberado conceder a mesma.
Assim, no dia 17 de Abril de 1927, a pitoresca povoação de Alcabideche
esteve em festa, pois nascia a ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE ALCABIDECHE.
Utilizou então como sede a casa que pertencia ao antigo grupo construída
em 1924-25 pelo Benemérito Sr. João Pires Correia, que não
se limitou a oferecer a casa como também comprou os instrumentos e fardas
para o agrupamento musical. A sua colaboração não ficou por
aqui, porque além de ceder o terreno ainda ofereceu o primeiro carro de
incêndios que a Associação teve "o automóvel do
saloio", com os raios das rodas em madeira. Como este muitas vezes tinha
de ser empurrado, encomendou-se em Inglaterra um chassis, que mais tarde foi transformado
em auto pronto socorro, sendo carroçado na Malveira.
O primeiro quartel nos actuais terrenos foi elaborado pelo projecto do Arquitecto
Norte Júnior em 1928 sendo construído pelos sócios com a
ajuda do Sr. Pires Correia, tendo a Câmara oferecido dinheiro e materiais.
Para concretizar os seus planos na parte cultural, o grupo formou um agrupamento
musical com 35 figuras, que teve como primeiro maestro o Sr. Carlos da Silva Lopes.
Constituíram também um grupo dramático.
A Associação contava na altura com 450 sócios contribuintes,
com uma quota mensal de 00$40, o que lhes dava o direito de poderem servir-se
da ambulância em caso de necessidade, pagando apenas a gasolina, podendo
ainda assistir a dois bailes por mês gratuitamente.
Em 1929, a Associação recebeu o seu primeiro estandarte, confeccionado
graciosamente pelas Senhoras, Maria Pereira, Josefina Tirano, Alice Lachever,
Virgínia Correia, Jacinto e Noémia Correia Jacinto.
Em 1945, inicia-se a construção da casa escola da Corporação,
obra executada pelos Bombeiros e alguns sócios, sobre a direcção
do Comandante Arnaldo Roquete, ficando concluída em 1956.
Como a sede se mostrava pequena para a realização de todas as actividades
que desenvolvia, ampliaram-se e modernizaram-se as instalações.
Constituída agora por dois edifícios, um que era destinado aos bombeiros
e da qual fazia parte o quartel e a "residência do permanente",
outro cedido pelo Benemérito Pires Coreia, era formado pelo gabinete da
Direcção, uma sala para espectáculos com um palco, uma sala
de jogos, um botequim em semicírculo, uma pequena casa denominada "o
quartel do mestre", onde o dirigente do conjunto musical, ministrava as suas
lições, bengaleiros e lavados. Abaixo do palco situavam-se os camarins,
a caixa do ponto, e instalações sanitárias para músicos
e artistas. Sobre a entrada havia um varandim na parede fronteira que dominava
toda a sala, ornamentado com um grande espelho, diversos trofeus e fotografias
de alguns benfeitores. Inauguraram-se estes melhoramentos no Domingo, 13 de Abril
de 1858.
Na década de oitenta, deu-se inicio à construção
do actual quartel e sede, que foi inaugurado em Abril de 1992.
Actualmente, possui várias actividades desportivas destinadas aos associados,
um centro clínico, além de bar e restaurante.
O Corpo de Bombeiros, com um efectivo de 80 elementos, 9 ambulâncias e
11 veículos de incêndio, serve uma população de 52.000
habitantes numa área geográfica de 39,72 km2.
Presta uma média anual de 18.000 serviços nas áreas do
socorro e transporte de doentes.