Bombeiros Voluntários de Alcabideche




 

Técnicos do socorro do INEM trabalham 24 horas

Há tripulantes das ambulâncias SIV – Suporte Imediato de Vida, do INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica – que fazem turnos de 24 horas por falta de recursos. Outros são obrigados a trabalhar oito horas seguidas sem pausa para comer. Muitas vezes, trabalham sem estarem alimentados, porque os pedidos de pausa para comer são recusados pelo CODU –Centro de Orientação dos Doentes Urgentes (INEM). Quem não aceita a recusa é alvo de processo disciplinar.
O INEM garante que "não existe qualquer risco para as tripulações e populações" e que os turnos de 24 horas, de carácter excepcional, "também decorrem nos hospitais e não representam riscos".

O presidente do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência, Ricardo Rocha, está a par de tudo. Ao CM alerta para o risco que podem constituir os turnos de 24 horas, pela falta de descanso e de uma pausa para comer. Segundo diz, os elementos fazem os turnos, mas têm de assinar um documento a declarar que aceitam.

A razão para o esforço laboral "é a compensação de três dias de descanso e pagamento de horas extras".

A instituição agradece o voluntarismo, especialmente nos períodos de férias, quando há menos elementos a trabalhar, e nos períodos festivos, quando ocorrem mais acidentes de viação.

O CM sabe que duas técnicas de ambulância de emergência têm neste momento a decorrer contra elas um processo disciplinar, porque recusaram sair com a viatura de emergência quando receberam a chamada do CODU. Já iam com sete saídas. Sentiam-se extenuadas e famintas. Justificaram a recusa da saída alegando que não estavam em condições físicas para trabalhar e sentiam falta de açúcar no sangue (hipoglicemia). O INEM avançou com um processo.

Além deste caso ocorrido em Junho, em Lisboa, outro episódio envolveu um técnico no Porto. Ia na oitava saída e não tinha forças para responder a outra chamada do CODU. A recusa valeu-lhe um processo. Foi arquivado.

"É VERGONHA PEDIR PARA COMER"

"É uma vergonha, mas temos de pedir para comer." Assim se expressa Ricardo Rocha, presidente da Associação dos Técnicos de Ambulância de Emergência, estrutura sindical que representa cerca de 700 profissionais. Esta situação arrasta-se desde há quatro anos, altura em que começaram a operar as ambulâncias de emergência. Porém, o problema agravou-se com a entrada em funcionamento das 26 ambulâncias SIV.

O presidente do INEM, coronel Abílio Gomes, que tomou posse em Fevereiro, mostrou compreensão para com o assunto e assinou um documento reconhecendo que os técnicos de ambulância de emergência têm direito a uma pausa, durante o turno de oito horas, para a alimentação. O compromisso foi assinado em Maio. Porém, esse direito ainda não está em vigor.

DOIS CULPADOS, UMA CUMPLICIDADE

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SE), José Azevedo, manifesta-se contra a realização dos turnos de 24 horas. "É verdade que há enfermeiros nas tripulações das SIV que fazem turnos de 24 horas. Neste caso há dois culpados, os enfermeiros, que levam o esforço longe demais, e a instituição, que gere mal as equipas", disse ao CM. José Azevedo critica os colegas por "não exigirem os direitos que têm" e o INEM por "não contratar mais pessoal, uma vez que tem financiamento, através das verbas canalizadas pelo pagamento das apólices dos seguros automóveis, que permite as contratações".

O dirigente alerta os enfermeiros para os "riscos que correm as tripulações e os doentes que transportam nas ambulância quando os profissionais não estão bem física e psicologicamente".

BLOCO DE NOTAS

IRREGULARIDADES

Existe uma alegada ilegalidade no regulamento dos horários que não prevê pausas nos turnos de oito e de doze horas. Afecta tripulantes das ambulâncias de emergência, do transporte de recém-nascidos e dos enfermeiros do CODU.

ACIDENTES

Não estão relacionados acidentes de ambulâncias com uma situação em que o técnico de ambulância de socorro vá a conduzir em hipoglicemia.

TRIPULAÇÕES

As tripulações das SIV – Suporte Imediato de Vida – incluem enfermeiro e um técnico de ambulância de emergência ou dois técnicos.

BAIXA DE AÇÚCAR

A hipoglicemia (baixa dos níveis de açúcar no sangue) dá sintomas: tremores, desfalecimento, vertigens, confusão, esgotamento, fraqueza, dores de cabeça e perturbações visuais. Em casos graves, convulsões e coma.



Autor: José Palha Publicado em: 05-09-2008 19:27:02 (4101 Leituras, Votos 369)
Imprimir    Enviar por e-mail    
Comente este artigo
Nome:  
e-mail:  
Comentário:  
   Desactivado temporariamente
 
 
 
 
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcabideche
Optimizado para resoluções de 800x600.
© 2000 - 2007 Todos os direitos reservados.