|
|
|
Metro entala veículos de socorro |
|
A circulação do Metro Sul do Tejo nas avenidas centrais de Almada ameaça pôr em causa o socorro à população. A única faixa de rodagem existente em cada sentido não possibilita a cedência de passagem a veículos de emergência |
|
|
"Os carros não podem desviar para lado nenhum. Não têm hipótese", diz o morador Amadeu Tomada. "Uma vez houve um acidente e estava uma rapariga no chão. Os bombeiros demoraram muito tempo a dar a volta e a pessoa ali a precisar de assistência", conta, defendendo que se os passeios não fossem tão largos, as vias seriam mais espaçosas. Situação idêntica é descrita por outros moradores. "Já vi várias vezes ambulâncias a não conseguirem passar, porque têm um autocarro à frente que não se pode desviar", adiantou ao JN a almadense Margarida Peres. "Cada vez que é necessário socorrer alguém ou combater um incêndio é um problema, porque o espaço é insuficiente para haver duas filas em cada sentido", frisa também Carlos Jorge, da Cova da Piedade. "Da minha varanda vejo às vezes os carros com dificuldade em passar. Só com uma faixa é complicado", reforça Júlia Duarte, de Almada.
Instalados em pleno eixo central, os Bombeiros Voluntários de Almada confirmam que a existência de apenas uma via em cada sentido causa transtornos. "Por mais que os carros se tentem desviar é muito difícil passar com os veículos", avança o segundo comandante, Mário Santos, explicando que a situação é mais grave no caso dos carros de combate a incêndios. "No futuro vai ser muito complicado passar com veículos de emergência, porque não há escapatória", considera.
A Câmara de Almada minimiza a questão e assegura que a ideia é que peões e metro tenham prioridade nas avenidas centrais, sendo de esperar uma redução no número de automóveis e na frequência de autocarros. "Haverá menos tráfego na via central, que terá mais trânsito local", afiança o vereador José Gonçalves.
Em relação à passagem de veículos de socorro, o autarca garante que "o sistema do metro admite que circulem no espaço canal".
Os veículos de emergência poderão assim galgar o passeio de 12 centímetros que separa o espaço canal da estrada, um cenário que não agrada ao 2º comandante dos bombeiros de Almada. "É sempre perigoso, porque estamos a falar de um veículo com rodas que vai passar a circular onde estão carris", defende Mário Santos, alertando que não é aconselhável, por exemplo, que uma ambulância que transporte um doente politraumatizado suba e desça degraus em andamento.
Já os Bombeiros Voluntários de Cacilhas desvalorizam o problema. "O espaço do metro não veio modificar muito as dificuldades que já existiam no concelho", alega o comandante António Godinho, lembrando que todas as questões ligadas à circulação do metro foram abordadas na Comissão Municipal de Transportes, da qual fazem parte as três corporações do concelho.
"Os bombeiros têm a possibilidade de utilizar o espaço do metro com as devidas precauções", salienta António Godinho. Contactada pelo JN, a corporação da Trafaria não comenta por não actuar frequentemente no centro da cidade.
Segundo os últimos dados divulgados pela Equipa de Missão do metro da margem Sul, as obras no eixo central de Almada devem estar concluídas em Agosto. Os carris começam a ser testados em Setembro entre a Cova da Piedade e Cacilhas.
|
Autor: José Palha |
Publicado em: 24-06-2008 10:55:43 (1830 Leituras, Votos 439) |
|
|
|
|