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Relação com bombeiros ditou mudança no INEM |
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Decisão antes do fim do inquérito sobre Alijó "A substituição do presidente do INEM é consequência do que não foi feito. INEM e bombeiros estiveram sempre de costas viradas". A reacção de Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, mostra o problema de comunicação entre as duas forças envolvidas no socorro de doentes. |
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A má relação e a necessidade de uma maior articulação entre ambas terão estado na origem do afastamento de Cunha Ribeiro. O presidente do INEM colocou o lugar à disposição logo após a tomada de posse da nova ministra. E Ana Jorge aceitou a demissão na semana passada, mesmo antes de estar concluída a investigação sobre a gravação do pedido de socorro aos bombeiros de Alijó, cuja transmissão nos media veio pôr em evidência as falhas no sistema.
É a primeira baixa desde que Ana Jorge está à frente da pasta da Saúde e incide sobre uma das áreas que tem sido mais contestada nos últimos tempos. Ontem, o nome do sucessor de Cunha Ribeiro era ainda desconhecido.
O reforço dos meios pré-hospitalares foi criticado pelos próprios médicos encarregues de pensar a reforma das urgências, em particular nas duas medidas que permitiram o alargamento dos serviços em áreas onde está previsto o fecho de serviços: a criação de helicópteros sem médicos e das viaturas de suporte imediato de vida, que são tripuladas apenas por enfermeiros sem que as ordens profissionais definissem o que estes profissionais podem fazer. Ontem, o porta-voz da comissão, António Marques, escusou-se a comentar a mudança no INEM
"Há uma hora de entrada e uma hora de saída. A primeira foi estimulante e a segunda resulta da inedurabilidade das organizações." Foi assim que Cunha Ribeiro comentou o seu afastamento numa carta aos colaboradores do organismo, com quem esteve ontem reunido, num encontro que estava já previsto para anunciar a sua saída. Para já, o ex-presidente do INEM escusa-se a fazer mais comentários e diz que vai analisar as hipóteses e depois decidir se voltará ao hospital de São João, no Porto.
Na carta aos colaboradores, defendeu ser "justo poder afirmar que o INEM de 2008 tem pouco a ver com o de 2003 [quando entrou em funções, ainda com o ministro Luís Filipe Pereira do governo PSD/CDS] e lembrou o alargamento da cobertura e dos serviços prestados pelo INEM.
Para os bombeiros, o afastamento de Cunha Ribeiro é visto como uma nova possibilidade para resolver "o desacordo" entre as duas instituições através de uma reivindicação antiga. "O INEM devia ter duas tutelas, a da Saúde e a do Ministério da Administração Interna", defende Fernando Curto. "O caso de Alijó é um dos muitos que acontecem pelo país fora. A culpa não é só do INEM, mas quem está no terreno sabe que há desarticulação na comunicação", defende. A ANBP espera agora que o sucessor de Cunha Ribeiro chame os bombeiros para a mesa de negociações e que se acaba com uma relação em que as duas instituições "parecem inimigos em vez de parceiros que dependem uns dos outros". |
Autor: José Palha |
Publicado em: 12-02-2008 19:23:13 (1614 Leituras, Votos 335) |
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