Bombeiros Voluntários de Alcabideche




 

Vítima de acidente de trabalho passa 50 minutos dentro de uma ambulância parada

Alexandre Rodrigues ainda conseguiu chegar a pé ao quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Mil Fontes. Instantes antes, numa obra, o pedreiro de 34 anos tinha-se ferido com uma rectificadora. A máquina, em vez de cortar chão, tinha-o atingido na perna, acima do tornozelo, abrindo-lhe uma ferida com 10 centímetros de comprimento e cinco de profundidade
Ainda dentro do quartel, os bombeiros dizem ter estancado a hemorragia e estabilizado a vítima colocando-a depois dentro de uma ambulância. Eram 14h45, tinham vontade de seguir para o Hospital de Santiago do Cacém, 50 quilómetros adiante, mas importava «cumprir o protocolo» pelo que, sete minutos depois de terem socorrido Alexandre, estavam a ligar para o CODU.


Começaram por responder a uma série de questões colocadas acerca da vítima e acabaram por ouvir o que não queriam: teriam que aguardar pela SIV (Suporte Imediato de Vida) de Odemira, uma ambulância que leva sempre a bordo um enfermeiro.

A SIV chegou às 15h16 depois de uma viagem de 24 quilómetros e uma história para contar: «O CODU tinha-lhes indicado os bombeiros de Odemira e não os de Vila Nova de mil Fontes pelo que “ainda perderam mais tempo», diz Francisco Santos, 2.º comandante daqueles Voluntários.

O enfermeiro do INEM, de acordo com o testemunho dos bombeiros, mais não pode fazer do que elogiar o socorro prestado e transmiti-lo ao CODU recebendo de volta instruções para que Alexandre fosse transportado para Santiago do Cacém.

O pedreiro de Vila Nova de Mil Fontes estava há 50 minutos dentro de uma ambulância, à espera com dores e uma impaciência testemunhada pelos bombeiros que se encontravam no quartel. A situação provocou revolta e indignação no corpo de voluntários «por existir uma nítida falta de confiança por parte do INEM».

«Não se trata de desentendimento a nível local», faz questão Francisco Santos de esclarecer, «no terreno, aqui, nós entendemo-nos, os problemas são sempre com a sede do CODU. Quem faz a triagem das situações não mostra sensibilidade para com o que se está a passar, não faz ideia do que é manter uma vítima 50 minutos dentro de uma ambulância, à espera de uma decisão».

Em Odemira, os cuidados de saúde prestados continuam a gerar polémica, medo e revolta entre a população. O Hospital de Beja fica a 100 quilómetros, uma distância que tem que ser percorrida numa estrada estreita, esburacada e cheia de curvas.

Este ano o Centro de Saúde tem a funcionar uma urgência básica, ou seja, assegura 24 horas de atendimento com a permanência de dois médicos e dois enfermeiros. Uma ambulância SIV também foi atribuída ao concelho mas a SAV (Suporte Avançado devida) que fez serviço durante o Verão, deixou saudades.

Uma ambulância com médico a bordo é uma das reivindicações que se faz ouvir da parte de quem vive naquele que, com 1723 quilómetros quadrados, é o maior concelho da Europa. Entre as 18 freguesias chegam a existir distâncias de 64 quilómetros.

As histórias mais conhecidas são as de gente que não sobreviveu a caminhos que demoram demasiado tempo a percorrer até alcançar cuidados diferenciados de saúde. Mas depois há também os casos de quem escapou e guarda na memória oito a 10 horas de ambulância até alcançar um hospital em Lisboa.

Autor: José Palha Publicado em: 25-01-2008 17:36:07 (1433 Leituras, Votos 312)
Fonte: sol
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