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Saúde: Fecho das urgências,Criminosos diz o Ordem dos Médicos

A Ordem dos Médicos (OM) acusa o Ministério da Saúde de ter pressa em fechar as urgências hospitalares e ser demasiado lento na abertura de novos serviços. A entidade caracteriza de “criminosa” a substituição do trabalho médico pelo trabalho de enfermagem nas localidades onde vão ser encerradas as urgências hospitalares. Os primeiros serviços a fechar portas vão ser os dos hospitais de Cantanhede, no próximo dia 15, e Anadia, dia 22. O Fundão também fica sem Urgências em breve.
José Manuel Silva, presidente da Secção Regional do Centro da OM, mostra-se crítico face à reforma da requalificação das Urgências: “Quando uma pessoa está doente vai ao médico e quando está gravemente doente é vista por um médico. Incompreensivelmente, o Ministério da Saúde quer substituir o trabalho médico por trabalho de enfermagem. Isso é criminoso e vai colocar em risco muitas vidas”, disse ao CM.

O dirigente da OM diz não ter dúvidas de que se “irão perder vidas” se a “assistência de doentes graves for feita por pessoas que não são médicos”.

“MISTIFICAÇÃO E ENGANO”

“Não é possível que a reforma seja feita fechando as urgências hospitalares e colocando em sua substituição uma ambulância tripulada por um enfermeiro e um técnico, que é um bombeiro. Isto é uma mistificação e um engano à população”, sublinha o especialista em Medicina Interna dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).

O Conselho Nacional Executivo da OM declarou ontem, em comunicado, que as viaturas de Suporte Imediato de Vida (SIV), com um tripulante de ambulância e um enfermeiro – sem condições, do ponto de vista técnico, para substituir o trabalho médico –, tornam enganadora a afirmação que as populações estão salvaguardadas por uma destas viaturas.

Nesse sentido, a OM “emite um parecer técnico contrário a que os médicos das centrais do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes do INEM) possam assumir via telefone a responsabilidade pelos actos praticados no local por técnicos das viaturas SIV.

MINISTÉRIO ESTRANHA ‘TIMING’

Contactado pelo CM, fonte do gabinete do ministro da Saúde estranhou o facto de a OM vir a público com estas questões em vésperas da eleição do bastonário, e alega que Correia de Campos já “prestou todos os esclarecimentos quando foi apresentada a reforma da requalificação das Urgências”.

Fonte do INEM nega que seja feita uma substituição do trabalho médico pelo de enfermeiro. “O objectivo das SIV não é substituir as urgências hospitalares. É um reforço dos meios de emergência pré-hospitalar.”

Segundo a mesma fonte, 12 ambulâncias SIV encontram-se actualmente em funcionamento, quatro das quais há cerca de dois meses e oito desde sábado passado.

O reforço dos meios técnicos do INEM inclui ainda três novos helicópteros, não estando previsto que incluam um médico na tripulação.

URGÊNCIAS FICAM CONGESTIONADAS

A Ordem dos Médicos, presidida por Pedro Nunes, considera que a reforma das Urgências vai congestionar os serviços que mantêm portas abertas.

SEM QUALQUER RESPONSABILIDADE

Os médicos dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes do INEM não são, segundo a mesma entidade, responsáveis pelos actos dos técnicos no terreno.

POPULAÇÕES NA RUA EM PROTESTO

O anúncio pelo ministro da Saúde, Correia de Campos, do fecho de algumas urgências hospitalares levou populações às ruas em manifestações de protesto. Em Março, dezenas de carros com bandeiras pretas saíram às ruas de Santa Iria de Azóia contra o fecho das urgências do Hospital Curry Cabral, que serve os 140 mil habitantes da zona oriental de Lisboa. Um estudo da comissão técnica nomeada pelo Ministério da Saúde aponta para o encerramento de 15 serviços de urgência hospitalar.

"MUDANÇA DE RÓTULO" NOS SAP

O fecho dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) é criticado pela Ordem dos Médicos, que diz estar em causa uma “estranha e demagógica mudança de rótulo” por serem substituídos por consultas abertas realizadas nos hospitais.

Segundo a Ordem, a substituição das urgências hospitalares por “consultas de agudos não programadas” dos centros de saúde, cumpridas obrigatoriamente por médicos dos centros de saúde nos hospitais, é feito com prejuízo da assistência aos doentes próprios. “Essas consultas abertas são horas retiradas aos doentes em ficheiro. O ministro da Saúde [Correia de Campos] veio dizer que de Janeiro a Setembro foram feitas menos 700 mil consultas de SAP, mas não contabilizou os números das consultas abertas e isso é uma forma de enganar as populações. É demagógico”, critica, em declarações ao CM, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva.

Segundo aquele responsável, alguns SAP que funcionavam nos centros de saúde fecharam à noite mas os doentes são atendidos nas consultas abertas dadas pelos médicos de família nos hospitais.

UNIDADES QUE FECHAM

Hospital de Peso da Régua

Hospital Distrital de M. de Cavaleiros

Hospital de Vila do Conde

Hospital de São José (a encerrar após integração em Centro Hospitalar Guimarães-Fafe)

Hospital Conde de São Beto (a encerrar após entrada em funcionamento do Serviço de Urgência do Hospital de Famalicão)

Hospital de São João da Madeira

Hospital de Nª Senhora da Ajuda

Hospital Visconde Salreu

Hospital Dr. Francisco Zagalo

Hospital José Luciano Castro

Hospital São Pedro Gonçalves Telmo

Hospital do Fundão

Hospital Arcebispo João Crisóstomo

Hospital Curry Cabral

Hospital do Montijo

APONTAMENTOS

MELHOR QUALIDADE

O Relatório Final da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências, estudo encomendado pelo ministro Correia de Campos, refere que um dos objectivos da reforma é melhorar a qualidade da assistência urgente e emergente.

CONFLITOS

A Ordem dos Médicos critica o Ministério da Saúde por não ter ainda definido o que são consultas abertas e quais as funções que lhes são atribuídas, uma situação que já tem “gerado situações de conflito” nos centros de saúde.

ASSISTÊNCIAS

A requalificação das Urgências inclui não apenas o fecho de alguns serviços hospitalares, mas também a modificação na assistência: Urgência Polivalente, Urgência Médico-Cirúrgica e Urgência Básica.

NOTAS

REFORÇO NO ALENTEJO

Os concelhos de Odemira, Moura, Elvas e Estremoz, no Alentejo, foram os primeiros a receber as ambulâncias de Suporte Intermédio de Vida (SIV).

CENTRO DE SAÚDE RESISTE

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Beja vetou um recurso do Ministério da Saúde, que pretendia o encerramento das Urgências do Centro de Saúde de Vendas Novas.

SEIXAL EXIGE REABERTURA

Mais de 40 mil pessoas assinaram uma petição a exigir a reabertura de dois SAP do concelho do Seixal, encerrados há quatro meses pelo Ministério da Saúde.
Autor: José Palha Publicado em: 09-12-2007 00:33:35 (2149 Leituras, Votos 351)
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