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Comandante dos bombeiros sai com a mágoa de não ter um quartel novo |
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Os Bombeiros de Vialonga estão magoados com a falta de vontade política para construir o novo quartel. A degradação das condições é mais uma condicionante para atrair novos voluntários. Os desabafos foram deixados na tomada de posse do novo comandante.
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Depois de 30 anos de voluntariado numa entrega profunda e cinco anos e meio de liderança do corpo activo, Fernando Ferreira da Fonseca deixa o comando com a mágoa de não ter conseguido deixar uma casa nova para os seus voluntários. Os bombeiros de Vialonga têm um espaço provisório desde que nasceram em 1977, sem condições mínimas para os voluntários e para as viaturas. “Só com muita dedicação, empenho e gosto pela causa tem sido possível ultrapassar as dificuldades”, refere o comandante cessante.
O reconhecimento da justiça de um novo quartel foi evidenciado na cerimónia da tomada de posse do novo comandante José Félix de Sousa na noite de sexta-feira e perante meia centena de convidados. A nomeação foi uma evolução natural dado que José de Sousa era o segundo comandante e braço direito de Fernando Fonseca coadjuvado pelo sempre empenhado adjunto de comando Paulo Nogueira.
O novo líder tem 42 anos e é funcionário dos bombeiros, condição que lhe vai permitir uma dedicação a 100 por cento. José de Sousa está nos bombeiros desde os 16 anos e conhece bem todos os cantos da casa. “O parque de viaturas está extremamente envelhecido devido à falta de condições das instalações”, disse. Enquanto mais de metade das viaturas dormem ao sol e à chuva, os voluntários estão cobertos, mas as condições de conforto e comodidade não abundam. Só com grande sacrifício se consegue manter viva a chama do voluntariado. “Continuo a contar com o vosso esforço”, disse o novo comandante emocionado.
José de Sousa pediu ao comandante cessante que depois de passar ao quadro de reserva continue integrado na família e o ajude a superar as dificuldades. Fernando Ferreira da Fonseca garantiu que podem contar com ele. “Vou continuar a andar por aí”, disse o sócio número 13 da associação que ajudou a fundar em 1977. Há 30 anos foi comprada a primeira ambulância. “Custou 211.483 escudos (1055 euros) e foi paga com o dinheiro arranjado pelos fundadores junto da população”, recorda o comandante. O segundo carro veio no ano seguinte e hoje a corporação tem 20 viaturas e cerca de 60 voluntários e 20 assalariados.
Esta evolução resulta do esforço, dedicação e capacidade de um conjunto de mulheres e homens que têm trabalhado voluntariamente com e sem farda, como sublinhou o comandante cessante num gesto de gratidão porque “ninguém faz nada sozinho”.
Fernando Fonseca foi reconhecido por todas as autoridades que intervieram na cerimónia e foi calorosamente aplaudido pelos seus bombeiros depois de os abraçar um a um. “É o melhor que se leva desta vida. É esta amizade sincera que se cria”, disse emocionado.
Falta vontade política para avançar com o quartel
O presidente da Junta de Freguesia de Vialonga, Manuel Valente (CDU) não entende porque é que o quartel ainda não foi construído e justifica o atraso com a falta de vontade política. “Vialonga é das freguesias que mais espaços livres tem. Prefiro ver o quartel de bombeiros na Várzea que ver lá passar a linha do TGV”, disse. Para o autarca está na hora das autoridades presentes encontrarem soluções. “O quartel não se faz com dinheiro das rifas e dos peditórios. Cada um tem que assumir as suas responsabilidades”, referiu.
O vereador Vale Antunes (PS), responsável político pela protecção civil no município de Vila Franca, reafirmou a vontade firme da câmara de ajudar a encontrar uma solução rápida para a construção do novo quartel e frisou o apoio que o município tem dado às seis corporações do concelho. O autarca enalteceu “o papel insubstituível dos bombeiros”.
O comandante António Carvalho, coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil e presidente da Federação Distrital de Bombeiros representou a Liga dos Bombeiros Portugueses e deixou alguns alertas ao novo comandante. “Aprenda a dizer que não sem sentir que magoa. Agradar a todos é impossível”, avisou o comandante dos bombeiros da Póvoa de Santa Iria, que disponibilizou-se para ajudar a corporação vizinha de Vialonga e o novo comandante numa missão “espinhosa e exigente”.
A necessidade de maior articulação entre corpos de bombeiros vizinhos foi reforçada pelo segundo comandante distrital de Lisboa. Dinis Jesus alertou para o novo quadro legal, em que as associações irão trabalhar, que exige mais competência e formação para um socorro “mais célere e eficaz”.
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Autor: José Palha |
Publicado em: 19-11-2007 12:35:17 (1703 Leituras, Votos 341) |
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