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É preferível atravessar a fronteira do que fazer o trajecto nas estradas portuguesas

Os bombeiros e o pessoal de emergência médica do distrito de Bragança preferem atravessar a fronteira para o transporte de doentes do que sujeitá-los ao mau estado das estradas portuguesas. “É desumano transportar um doente pela estrada nacional”, dizem aqueles profissionais.
Bombeiros e pessoal de emergência médica saem do país diariamente para socorrerem populações portuguesas por ser mais rápido e cómodo chegar a vários pontos do Distrito de Bragança por Espanha do que pelas estradas nacionais.

A guarda civil espanhola já mandou parar ambulâncias e a própria Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER), mas os profissionais preferem arriscar do que enfrentar um traçado português que consideram “primitivo e desumano”. “É caricato que para viajar no país, tenhamos de entrar e sair, mas é desumano transportar um doente pela estrada nacional”, disse à Lusa o comandante dos bombeiros de Miranda do Douro. Irundino João comanda a corporação há 23 anos e desde que foi feita a ligação da fronteira na Senhora da Luz, há outros tantos, que Espanha passou a ser o percurso nas viagens para Bragança e vice-versa.

Todos os automobilistas que fazem este percurso na região seguem a mesma opção, mas a Europa sem fronteiras não lhes causa os mesmos problemas que os profissionais de saúde têm de enfrentar. Um deles prende-se com a sinalética luminosa. Os veículos de emergência portugueses utilizam luzes azuis para assinalar a marcha, que em Espanha é uma cor exclusiva dos carros da polícia.

A juntar a esta divergência, as ambulâncias medicalizadas dos espanhóis são iguais às restantes ambulâncias de transporte de doentes e diferentes das VMER portuguesas, adaptadas de qualquer modelo de automóvel ligeiro. Por não a reconhecer como veículo de emergência médica, a guarda civil espanhola já mandou parar a VMER de Bragança numa deslocação a Miranda do Douro.

Segundo a coordenadora deste serviço, Maria Luís, se os espanhóis levarem a lei à letra podem mesmo “apreender o veículo por transportar fármacos e a sua função não ser reconhecida em Espanha”.

O governador civil, Jorge Gomes, disse à Lusa que está a dialogar com as autoridades de Zamora para ultrapassar esta questão. “Embora não se resolva legalmente, pelas diferenças existentes, resolve-se com alguma tolerância”, disse, acrescentando que falta apenas enviar para Espanha fotografias da VMER para que seja reconhecida pela Guarda Civil. O comandante dos bombeiros de Miranda do Douro contou que também a sua corporação já passou por este problema.

“Chegámos a ter uma ambulância parada com um doente lá dentro e a Guarda não nos deixou avançar sem revistar tudo”, contou. Com o tempo e o estreitamento das relações, as ambulâncias circulam sem dificuldades, à excepção das luzes. O comandante conta também um episódio na primeira pessoa, quando a Guarda Civil lhe mandou desligar as luzes de presença azuis no tejadilho do jipe dos bombeiros. “O problema é que as luzes acendem-se automaticamente com os mínimos e eu disse-lhes: se desligo estas fico às escuras”, recordou.
Autor: José Palha Publicado em: 20-04-2007 17:51:46 (1835 Leituras, Votos 349)
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