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Bombeiro morre em explosão de gás

Os bombeiros de Camarate, no concelho de Loures, ficaram anteontem de luto quando um colega, de 25 anos, morreu no combate a um fogo – vítima do rebentamento de uma bilha de gás. Os amigos dizem que Nuno Miguel Marques morreu a fazer o que mais gostava: ajudar os outros.
O alerta de um incêndio numa barraca do bairro da Torre, próxima do quartel, chegou pelas 19h12. Três minutos depois, uma viatura com cinco homens, entre eles Nuno, acelerava em direcção ao local. Segundo uma fonte da corporação, foram mal recebidos pelos moradores. “É sempre assim, enquanto tentamos salvar-lhes os bens somos alvo de apupos e, muitas vezes, agressões”.

Chegada ao local, a equipa nem teve tempo de fazer o ponto de situação. Mal Nuno se debruçou sobre a rede que limitava a barraca, já consumida pelas chamas, um estrondo “fê-lo voar”, como testemunhou uma moradora. Tinha rebentado uma bilha de gás.

“O bombeiro sofreu uma paragem cardiorrespiratória. Os colegas tentaram a reanimação até à chegada de uma viatura médica do Hospital Curry Cabral”, disse o comandante da corporação, Jorge Fernandes.

Nuno foi levado para o Hospital de São José e submetido a uma intervenção cirúrgica, devido a um traumatismo encefálico grave. Foi atingido na face por vários fragmentos que saltaram na sequência da explosão. Não resistiu e faleceu pouco depois das 00h00 de ontem.

O Centro Distrital de Operações de Socorro, por não obter resposta da equipa de bombeiros, pediu reforços a Camarate, Sacavém e Moscavide. As chamas foram extintas minutos depois.

“O fogo não era de grandes proporções. Mas ninguém avisou que havia uma bilha de gás e um fogão ou em que circunstâncias terá deflagrado”, disse o comandante.

Nuno era bombeiro desde os 15 anos e há cerca de um mês terminou o curso de tripulante de ambulância de socorro, que tanto ambicionara. A cerimónia fúnebre deverá realizar-se amanhã.

ESCOLTA POLICIAL

Os bombeiros de Camarate são chamados várias vezes ao Bairro da Torres mas são frequentemente mal recebidos pelos moradores. O comandante diz que o socorro naquele local terá de ser repensado para segurança dos bombeiros. “Se não há segurança, não podemos intervir”, diz Jorge Fernandes. Neste bairro de habitações abarracadas só é possível entrar com escolta policial, como testemunhou o CM. É aqui que a PSP recupera muitos carros e material furtado. Nas horas seguintes à explosão que tirou a vida ao bombeiro, um toxicodependente passou no local e furtou a bilha de gás rebentada para vendê-la à sucata. A PSP foi obrigada a contactar o sucateiro, para reunir o material de prova e entregá-lo à Judiciária.

PORMENORES

TERCEIRA VÍTIMA

Nuno Miguel Marques foi o terceiro bombeiro da corporação a morrer em serviço. Os outros dois morreram na sequência de acidentes, em 1949 e 1982. Miguel é descrito como um homem simples com uma grande paixão pela sua profissão.

EQUIPAMENTO

Nuno Marques tinha o equipamento de protecção individual completo e não sofreu queimaduras. A bandeira do quartel foi ontem colocada a meia haste. Os bombeiros usavam uma faixa negra no braço.

INDEMNIZAÇÃO

Em caso de morte, a lei obriga a câmara municipal, neste caso de Loures, a pagar à família do bombeiro uma indemnização de 82 615 euros (o salário mínimo nacional multiplicado por 205).
Autor: José Palha Publicado em: 01-02-2007 11:22:46 (2259 Leituras, Votos 365)
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