Bombeiros Voluntários de Alcabideche




 

Combate a fogo vai ser investigado

A família e os vizinhos das duas mulheres que anteontem perderam a vida num incêndio na Abóboda, concelho de Cascais, acusam os bombeiros de terem chegado ao local tarde e sem meios adequados ao combate. O comandante dos bombeiros da Parede refuta as acusações e afirma que o alerta chegou tarde.
Ainda assim, o presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) instaurou um processo para apurar se existiram falhas.

Segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários da Parede, Pedro Araújo, eram 16h00 quando o Centro Distrital de Operações de Socorro de Lisboa alertou a corporação para um incêndio no bairro 25 de Abril, na Abóboda. Às 16h09 estavam no local uma viatura especial de combate e uma ambulância.

“Quando percebemos a violência do incêndio, que já consumia a totalidade do apartamento, pedimos reforços”, disse o responsável. Pedro Araújo admite que encontrou um “ambiente hostil” em que as pessoas estavam “descontroladas”. “Eu sei que nestes casos nove minutos são uma eternidade”, disse o comandante. Ainda chegaram reforços da Parede e de Cascais, mas a tarefa não ficou facilitada. Quando os bombeiros ligaram as mangueiras à boca de incêndio de um prédio próximo “partiu-se o castelo, que abre as válvulas, e tivemos de chamar o piquete do SMAS de Cascais”, afirmou Pedro Araújo.

O comandante compreende a revolta da população, que assistiu ao desespero dos bombeiros, mas garante “que o combate contou com todos os meios necessários”.

O caso já suscitou a abertura de um inquérito por parte do presidente do SNBPC, general Arnaldo Cruz, que quer saber se os bombeiros actuaram como deviam. A Associação Nacional de Bombeiros também pediu para ser aberto um outro inquérito, mas para fazer uma vistoria às bocas de incêndio e aos marcos e bocas de rega que se encontram em todos os municípios.

Um alerta que os bombeiros da Parede fizeram há cerca de três anos à Câmara de Cascais, por causa da diversidade de marcos que são construídos em urbanizações recentes. “Temos várias chaves, mas tememos confrontar-nos com um caso em que não tenhamos. Não foi o caso”, advertiu Pedro Araújo.

VÍTIMAS NÃO PODIAM FUGIR

Eugénia Dias, 37 anos, vivia em casa do pai e da madrasta há cerca de dez anos. Era invisual e sofria de um atraso mental. Anteontem não se conseguiu salvar das chamas que consumiram o apartamento. Foi encontrada dobrada sobre a cama, como se ainda tentasse escapar. No quarto ao lado estava Maria de Fátima, com cerca de 50 anos, tia da madrasta de Eugénia, e estava acamada. A família vivia das pensões que estas duas mulheres recebiam.

PORMENORES

AQUECEDOR

Na origem do fogo que matou duas mulheres terá estado um aquecedor, que foi encontrado encostado a um sofá. Trinta e dois moradores do prédio no bairro 25 de Abril foram evacuados. A PJ está a investigar.

CONDIÇÃO FÍSICA

Os bombeiros acreditam que dada a condição física das duas vítimas (uma cega e outra acamada) o fogo foi detectado tarde de mais. Havia muito material combustível na casa.

DEZ MINUTOS

A família diz que a madrasta e sobrinha das vítimas saiu de casa por dez minutos e, quando regressou, estava tudo a arder.
Autor: José Palha Publicado em: 30-01-2007 16:58:51 (5667 Leituras, Votos 397)
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