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Cansaço dos pescadores inviabilizava socorro, diz comandante de bombeiros

A ondulação e a fadiga dos pescadores agarrados à traineira naufragada junto à Nazaré, na sexta-feira, tornariam quase inviável o sucesso de uma operação de lançamento de cabos no momento em que foram avistados, disse ontem ao DN o comandante dos bombeiros de Pataias.
"O tempo de exposição à água [muito fria] foi algum. A sua debilidade física já era acentuada, pelas condições do mar, pela instabilidade do barco devido à ondulação forte", recordou Nélio Gomes, que chegou à praia da Légua às 08.40 - oito minutos depois do alerta recebido do INEM de Coimbra (e que também deu à Marinha a primeira indicação segura da posição do barco).

"Estamos no campo dos ses", reconheceu Nélio Gomes. Mas, sublinhou aquele comandante com 14 anos de experiência, "não sei se haveria condições de projectar um cabo e alguém [na embarcação] o agarrar e amarrar" para que pudessem sair do local com alguma segurança. O bombeiro lembrou ainda a tentativa infrutífera dos dois nadadores-salvadores que se atiraram à água com uma prancha, cordas, cintos e bóias - e foram alertados pelos próprios pescadores na embarcação para o risco em que estavam devido às redes que a rodeavam, frisou Nélio Gomes.

Os efeitos do gasóleo já derramado, dificultando a visão dos salvadores, foi outra condição que os levou a regressar à praia, acrescentou a fonte.

Nélio Gomes, também coordenador da Protecção Civil no município de Alcobaça, só viu agarrados à Luz do Sameiro quatro dos sete marinheiros da traineira quando chegou à praia, onde já estava um agente e uma viatura da Polícia Marítima, e as três ambulâncias da sua corporação pedidas pelo INEM de Coimbra. "Compreendo a dor [dos familiares e de quem vê morrer pessoas ao pé da praia], mas é preciso analisar as condições" que se registavam, observou Nélio Gomes.

O comandante dos bombeiros de Pataias, na comunicação que enviou às 08.43 para o Centro Distrital de Socorro de Leiria, alertou também para a necessidade de reforço dos meios aéreos, embora sabendo que essa responsabilidade - na área do chamado domínio público marítimo - competia em exclusivo aos militares. No seu relatório, Nélio Gomes registou às 09.15 a chegada ao local da lancha salva-vidas da Marinha - que "não conseguiu fazer a abordagem" - e, às 10.05, do helicóptero EH101, enviado pela Força Aérea.

Outra informação que pode ser relevante, como "lição aprendida" para o futuro e no conjunto dos meios de salvamento ao dispor do Estado, diz respeito ao Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC). Fontes desta estrutura disseram ontem ao DN que o helicóptero estacionado em Santa Comba Dão, um Bell 212 com dois motores que consegue descolar "em dez minutos" (ao contrário do EH101), "entrou em pré- -alerta às 09.14". Mas a Força Aérea só gere os seus meios - não pode, por exemplo, "mandar avançar um [avião da] TAP" mesmo que chegue mais depressa, enfatizou fonte do ramo.

Outro aspecto relevante prende- -se com o sinal de socorro: sendo automático, indicia que a tripulação estava em situação de desespero no momento em que foi lançado (07.00). E como só o aparelho GPS de bordo tinha as coordenadas da posição do barco, não enviadas para o satélite, isso explica o intervalo de tempo até a Marinha saber (às 08.25, via INEM) para onde enviar a lancha salva-vidas.
Autor: José Palha Publicado em: 05-01-2007 13:21:26 (1256 Leituras, Votos 284)
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