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Cinco anos depois, 11/9 ainda assombra bombeiro de Nova York

Os rostos apavorados atrás das janelas dos andares superiores do World Trade Center, momentos antes do seu desabamento, ainda assombram Michael Puzziferri, mas, cinco anos depois da tragédia, o trauma só acentuou sua vontade de ser bombeiro em Nova York.
Puzziferri estava na casa da sua irmã quando ouviu dizer que dois aviões haviam se chocado contra as torres gêmeas, na manhã de 11 de setembro de 2001. Saiu correndo para o trabalho e, horas depois, comandava 105 colegas no local, onde passaria os seis meses seguintes.

Puzziferri, 52, comandante do 27o. Batalhão de Bombeiros de Nova York, no Bronx, disse em entrevista que nada em mais de 20 anos de carreira o havia preparado para o que ocorreu naquele dia.

"Foi além da imaginação e da compreensão", afirmou Puzziferri no seu pequeno quartel, onde os carros levam os nomes de alguns dos bombeiros mortos no WTC.

Inicialmente, os bombeiros esperavam encontrar sobreviventes, mas Puzziferri relatou o horror de escavar os destroços e só encontrar partes de corpos.

Depois do desastre, os bombeiros tiveram de encontrar formas de lidar com seus pesadelos e com a perda de 343 colegas, que estavam entre os 2.759 mortos.

As imagens das pessoas olhando desesperadamente pelas vidraças das torres, mostradas repetidamente na TV e nos jornais nos dias seguintes, continuam vivas na lembrança de Puzziferri.

"Pareciam não estar feridos, mas estavam todos presos e todos morreram no desabamento, ou alguns na verdade saltaram", disse Puzziferri, um homem robusto, de cabelo curtíssimo e olhos penetrantes.

"Essa é uma coisa que o faz querer ajudar a mudar o mundo. Eles estavam congelados e aprisionados. Eis algo que me aborrece o tempo todo. Para mim, eles são minha responsabilidade, e meu trabalho é garantir que aquilo não aconteça."

MUDANÇAS

O 11 de Setembro provocou muitas mudanças na corporação. A consultoria McKinsey foi chamada para analisar o departamento e sugerir formas de melhor prepará-lo para outros ataques, além de reestruturar a hierarquia para que os bombeiros tivessem mais influência sobre o funcionamento da corporação.

Puzziferri participou dando sugestões sobre como lidar com outros ataques possíveis, como contra um túnel que dá acesso a Manhattan, e como retirar pessoas de prédios altos.

Mas o departamento, apesar da sua fama de destemor, também teve de admitir que os bombeiros às vezes precisam de ajuda para enfrentarem o que vêem na linha de frente.

Logo depois do 11 de Setembro, poucos dos 11.500 policiais e bombeiros de Nova York admitiam a necessidade de terapia. Mas Puzziferri já sabia que isso seria importante e por isso quis dar o exemplo.

"Percebemos que a abrangência disso era grande demais e estava além de nossa capacidade. Então [busquei a terapia] porque queria voltar e dizer: Olhe, sou o comandante deste batalhão e isso não é algo ruim."

Puzziferri teve insônia durante anos, mas agora diz não ter problemas para dormir. Além disso, parou de evitar eventos sociais, como fez nos meses seguintes ao atentado, porque sempre era instigado a tocar no assunto.

Depois do 11 de Setembro, houve uma onda de aposentadorias no departamento -- de uma média de 500 por ano para 1.221 em 2002. Por outro lado, houve uma procura recorde pela profissão em Nova York, onde normalmente morrem dois bombeiros por ano.

Puzziferri disse que o 11 de Setembro estreitou os laços entre os bombeiros nova-iorquinos e intensificou o desejo deles de protegerem as pessoas. "Todos nós podemos nos distanciar daquilo, mas, para ser honesto, leva só um segundo para voltar tudo", afirmou.


Autor: José Palha Publicado em: 06-09-2006 10:50:13 (1452 Leituras, Votos 318)
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