|
|
|
Metade dos pedidos de socorro não são urgências |
|
Uma médica quer saber onde pode adquirir um certo material; uma jovem que se enganou a tomar a pílula e quer uma ambulância para ir ao hospital; um doente que precisa de transporte para o levar à fisioterapia ou alguém que teve uma dor no pé ao jogar futebol no dia anterior. Estes são todos casos reais, que mais parecem anedóticos, de utilização abusiva do número de telefone 112. O mau uso da linha de emergência nacional representa mais de metade (54 por cento) das chamadas feitas, o que equivale a 648 mil telefonemas, só em 2005. Um número que este ano, desde Janeiro, já vai em 756 mil.
|
|
|
Todas estas chamadas que não justificam o envio de meios de socorro chegam ao INEM depois de um primeiro atendimento pela Polícia. Fonte do INEM explica que neste atendimento “não é feita a triagem da situação, apenas o encaminhamento para os operadores do Instituto”.
Além dos telefonemas abusivos, em 2005 foram feitas cerca de 25 mil chamadas falsas – que representam entre 1,5 e dois por cento do total – e que desencadearam dez mil accionamentos de socorro.
Cunha Ribeiro, presidente do INEM, atribui o aumento global das chamadas (22 por cento) ao acréscimo da cobertura da área geográfica (35 por cento) e consequente aumento da população servida (16 por cento). No passado dia 4 de Agosto foi concluída a cobertura de todo o território do continente pelo INEM.
“Até agora temos vindo a aumentar as zonas de intervenção, o que fez crescer os pedidos de auxílio. Só a partir de agora, que chegamos a todo o território nacional, poderemos saber se as chamadas continuam a aumentar ou estabilizam.”
O desafio de Cunha Ribeiro é o de continuar a “maximizar as actividade de emergência e optimizar os procedimentos”. Com esse objectivo procura a “sustentabilidade económica e operacional” do instituto que dirige.
Para isso contou, em 2005, com uma receita de 45 milhões de euros – proveniente de um por cento dos prémios ou contribuições relativos a seguros de vida.
RECURSOS DISPONÍVEIS
O presidente do INEM podia, se tal fosse necessário, gastar 50 milhões de euros que estão disponíveis e que vêm das gestões anteriores, mas nunca o fez. Nem sequer recorre a verbas do Orçamento de Estado, o que está previsto na Lei Orgânica do INEM, o Decreto-lei n.º 167/2003. Cunha Ribeiro explica a razão da poupança: “Conseguimos fazer as nossas actividades sem gastar esse dinheiro e vivemos numa época de contenção de despesas.”
As despesas até tiveram uma redução: em 2004 foram 44,5 milhões de euros e, em 2005, 43,5 milhões, dos quais onze milhões para pagar remunerações.
INFORMAÇÃO EM NÚMEROS
554 611 número total de accionamentos (de ambulâncias, viaturas de emergência, helicópteros e motos) realizados em 2005.
446 581 número total de accionamentos (de ambulâncias, viaturas de emergência, helicópteros e motos), em 2004.
45% percentagem dos pedidos de emergência médica com accionamentos de meios de socorro.
1 200 000 número total de chamadas telefónicas feitas durante o ano passado. Em 2004 ascendeu a um milhão.
16% aumento da percentagem da população portuguesa servida pela emergência médica no território do continente.
4 média de chamadas atendidas por hora por cada operador (5,6 chamadas à tarde; 5,2 de manhã e 3,6 à noite).
121 reclamações escritas (53 por falta de assistência, 44 por comportamento dos profissionais). |
Autor: José Palha |
Publicado em: 01-09-2006 17:54:36 (1295 Leituras, Votos 263) |
|
|
|
|