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Autarcas e bombeiros do Norte aceitam coordenação profissional |
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Comandante municipal deverá fazer o enquadramento profissionalizado dos voluntários existentes em cada concelho |
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Autarcas e comandantes de bombeiros voluntários do Norte ouvidos hoje pela Lusa elogiaram a criação de um comandante municipal profissional de operações de socorro, anunciada quinta-feira pelo ministro da Administração Interna.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Paredes, um dos concelhos mais flagelados este Verão pelos fogos florestais, considerou que a prática "mostra" a necessidade dos comandos municipais de socorro profissionalizados equacionados pelo Governo.
Na avaliação de José Luís Morais, os serviços municipais Protecção Civil "não funcionam e há que fazer algo para que passem realmente a funcionar".
O comandante referiu, como exemplo desse alegado mau funcionamento facto de ter sabido "pela comunicação social" que tinha sido activado o Plano Municipal de Emergência de Paredes aquando do grande incêndio na freguesia de Aguiar de Sousa, no princípio deste mês.
Recusando a nomeação dos comandantes municipais pelos autarcas, José Luís Morais preconizou, em alternativa, que sejam indicados pelos coordenadores distritais de operações de socorro.
"É como no futebol. Os treinadores é que devem escolher os seus adjuntos", ilustrou.
Frisando que "toda a mudança traz resistência", o comandante dos Bombeiros Voluntários de Paredes rejeitou que a criação do cargo de coordenador concelhio de operações de socorro represente qualquer subalternização dos corpos de bombeiros.
"O papel dos bombeiros está perfeitamente definido, pois eles sabem quais as suas missões e competências", afirmou.
Paredes tem cinco corpos de bombeiros voluntários - Baltar, Cête, Lordelo, Paredes e Rebordosa - o que, na perspectiva do comandante, reforça a necessidade de uma estrutura de coordenação concelhia.
Também o comandante dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, Mário Araújo, classificou de "óptima ideia" a criação de um comandante municipal da Protecção Civil, anunciada quinta-feira pelo ministro da Administração Interna.
"Acho uma óptima ideia, porque o que actualmente acontece é que o responsável pela Protecção Civil municipal é o presidente da Câmara ou um vereador, que, na maior parte dos casos, não têm nem a formação nem a capacidade operacional desejáveis", referiu à agência Lusa Mário Araújo.
Acrescentou que daqui resulta que "na hora da verdade", no teatro das operações, é aos comandantes das corporações de bombeiros que é confiada toda a coordenação, "acabando eles muitas vezes por ser responsabilizados por situações de que, na verdade, até serão os menos culpados".
"A criação de um comandante municipal virá seguramente retirar alguma responsabilidade de cima dos ombros dos comandos de bombeiros", disse.
Para Mário Araújo, "o caminho a seguir terá necessariamente de ser o da profissionalização" e "afigura-se cada vez mais indispensável" que haja em cada município um comandante com carácter de permanência para "a Protecção Civil funcionar como deve ser".
O ministro da Administração Interna, António Costa, disse quinta-feira em Leiria que pretende criar a figura do comandante municipal, nomeado pelos presidentes de câmara, "que possa fazer o enquadramento profissionalizado dos voluntários existentes no concelho".
Os comandantes municipais - equivalente concelhio dos coordenadores distritais de operações de socorro - estão previstos na Lei de Bases de Protecção Civil, mas está por definir o modo de recrutamento dos titulares dos cargos e a forma como articularão a sua acção com os comandantes de bombeiros voluntários.
A criação de um comandante municipal é igualmente aplaudida pelo presidente da Câmara de Ponte da Barca, o socialista Vassalo Abreu, que sublinha apenas a necessidade de a atribuição desse encargo às autarquias ser acompanhada das respectivas dotações financeiras.
Vassalo Abreu reconhece que a Protecção Civil municipal está, na esmagadora maioria dos casos, entregue a pessoas sem formação específica na área, uma situação que "muitas vezes acaba por se reflectir na eficácia" das acções no terreno.
"Um advogado ou um médico tem formação em Direito ou em Medicina e não em Protecção Civil", frisou.
Por isso, o autarca de Ponte da Barca considera que a criação de um comandante municipal especializado e a tempo inteiro "é uma medida extremamente positiva, no caminho, irreversível, da profissionalização" dos agentes da Protecção Civil.
Também o presidente da Câmara de Amarante, outro concelho fustigado este ano pelos fogos florestais, defendeu a nomeação de coordenadores concelhios profissionais para as operações de socorro.
Em declarações à Lusa, o socialista Armindo Abreu referiu que os presidentes de Câmara, responsáveis máximos pela Protecção Civil concelhia, "não têm necessariamente preparação na área, pelo que deve haver alguém tecnicamente apto para o ajudar na missão".
Armindo Abreu defendeu ainda que esses coordenadores concelhios sejam nomeados pelos autarcas, "depois de aconselhados pela estrutura técnica".
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Autor: José Palha |
Publicado em: 19-08-2006 12:55:36 (2172 Leituras, Votos 320) |
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