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Chamadas para o 117 aumentaram cerca de 50% |
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O número de chamadas telefónicas para o serviço de alerta de incêndio, o 117, aumentou mais de 50% este ano, em comparação com 2005. Embora sem avançar números exactos, fonte do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) aponta a "subida muito significativa" como exemplo da "atitude mais cooperante" da população, que se traduzirá em "menos negligência e mais apoio na detecção".
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Pressão nos apelos à colaboração de todos no combate às chamas, alterações do dispositivo, liderança política forte, ajuda da meteorologia. As opiniões dividem-se na análise das explicações para a resposta aparentemente mais eficaz que até agora tem sido dada para minimizar o impacto dos incêndios florestais. Gil Martins, comandante nacional de operações, lembra que as análises terão de ser feitas no Outono. Por um lado porque é prematuro fazer balanços com o mês de Agosto ainda quase no início. Por outro, porque se sente "um conjunto de várias mudanças", mas o peso relativo de cada uma é "difícil de avaliar".
Tudo ainda por decidir
Com o alerta de onda de calor a pairar sobre o país, olhar para anos anteriores ajuda a perceber como tudo está ainda por se decidir quanto a resultados. Em média, é neste mês que ardem 60% do total anual. Cardoso Pereira, professor do Instituto Superior de Agronomia especializado em propagação de fogos, recorda o exemplo de 1995 "Chegámos a Agosto com cerca de 15 mil hectares, mas nesse mês arderam 120 mil". Estes últimos dias poderão ter sido um alerta. "Bastou haver uma subida de temperaturas para aumentar inequivocamente o número de fogos".
A análise é partilhada por Joaquim Sande Silva, professor na Escola Agrária de Coimbra. É certo que também em Junho e Julho tinha havido ondas de calor, mas agora outro factor decisivo entra em jogo - "a secura acumulada dos combustíveis". Sande Silva considera que os últimos dias, com fogos de maiores dimensões, "já começaram a revelar a fragilidade do sistema e a sua vulnerabilidade à meteorologia".
Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, discorda. Os relatórios da Direcção-Geral de Recursos Florestais mostram que o índice de severidade meteorológica anda próximo do de 2003. Na sua opinião, "este ano está a ser uma prova de que o sistema conseguiu aprender com os erros". Para vários operacionais, foram importantes medidas como a colocação de oficiais de ligação das polícias e de entidades florestais nos comandos nacional e distritais de operações, o reforço de comandos profissionalizados e outros sinais de "liderança política forte" sentidos por quem está no terreno.
Na opinião de Cardoso Pereira, as alterações legislativas e orgânicas feitas este ano poderão estar já a fazer sentir-se no terreno. O investigador afirma, contudo, dar mais peso ao facto de ter ardido um milhão de hectares nos últimos três anos. "São áreas tradicionalmente de risco mas que ainda não se renovaram. Não só não ardem, como servem de barreira a fogos que deflagram nos arredores", salienta. |
Autor: José Palha |
Publicado em: 08-08-2006 12:39:21 (1276 Leituras, Votos 287) |
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