Bombeiros Voluntários de Alcabideche




 

Incêndios duram menos

Paulo Novais/Lusa

Os bombeiros admitem que a primeira intervenção é importante
O resultado está à vista, mas a fórmula é mais difícil de apurar. Até meio deste mês, a Direcção-Geral de Recursos Florestais (DGRF) contou menos incêndios e menos hectares destruídos pelo fogo do que em anos anteriores. Incêndios de vários dias, como os que ocorreram em 2003 e em 2005, ainda mal aconteceram.
Os bombeiros reconhecem que a aposta na primeira intervenção – cuja medida mais visível foi a criação de uma unidade especial da GNR – pode ter contribuído. Mas, como sucedeu há duas semanas com a morte de seis homens na Guarda, a actividade das forças helitransportadas não está isenta de riscos (ver texto ao lado).

O último relatório da DGRF, divulgado esta semana, tem sentido único: de descida. Há menos ocorrências e menos área ardida, quer os valores sejam comparados com o último ano ou com a média dos últimos cinco anos. E, apesar de terem ocorrido 17 grandes incêndios (classificação atribuída quando as chamas queimam 100 ou mais hectares), responsáveis por 58 por cento da área ardida, poucos fogos duraram mais do que 24 horas.

Na primeira quinzena de Julho, refere o documento, registaram-se 2214 incêndios, que destruíram 1706 hectares. Valores “significativamente inferiores aos valores médios para este período”.

Duarte Caldeira, presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, identifica três factores que ajudam nas contas. “É indiscutível que é acertada a aposta feita na primeira intervenção aos fogos. Essa é uma das razões. Não só uma aposta nas forças terrestres, mas também no dispositivo aéreo, por exemplo na vigilância armada, com aviões carregados de água. Embora aí a taxa de detecção de incêndios permaneça muito baixa.”

A introdução do Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro (GIPS) da GNR, cujos militares são largados nas zonas críticas nos primeiros minutos, foi a principal novidade na apresentação do dispositivo de combate a incêndios, apesar de já existirem brigadas helitransportadas do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil – que também actuam.

O segundo factor que pode ajudar a explicar os registos deste ano, sugere Duarte Caldeira, começa por ser meteorológico e acaba no campo táctico. “Houve dias de muito calor, mas seguidos de períodos de chuva ou granizo. E isso provoca menos ocorrências”. De acordo com contas da Liga, no ano passado houve nove dias com mais de 500 ocorrências. Este ano, ate 15 de Julho, o valor máximo está nas 277 ocorrências, registado a 14 deste mês. “Se há menos ocorrências, há menor dispersão de meios. Ou seja, é possível geri-los melhor ”, diz.

Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, não é adepto da ‘teoria’ da primeira intervenção. Mas concorda com Duarte Caldeira quanto ao terceiro facto. “Há uma melhor organização nos níveis de comando e apostou-se na profissionalização”, refere. Duarte Caldeira, por seu lado, aplica a expressão “salto qualitativo” para classificar as mudanças introduzidas aos níveis local, municipal e distrital de combate aos incêndios florestais.
Autor: José Palha Publicado em: 22-07-2006 19:59:35 (1291 Leituras, Votos 267)
Imprimir    Enviar por e-mail    
Comente este artigo
Nome:  
e-mail:  
Comentário:  
   Desactivado temporariamente
 
 
 
 
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcabideche
Optimizado para resoluções de 800x600.
© 2000 - 2007 Todos os direitos reservados.