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Portugal gasta 27 euros para proteger dos fogos cada hectare de floresta

Portugal entra hoje em mais uma época de fogos florestais, teoricamente mais bem preparado para os debelar mas com um número incómodo no caminho de um bom prognóstico. O país gasta actualmente, em acções de prevenção e combate, 27 euros por cada hectare de floresta. É um valor bem maior do que o despendido por outros países do Sul da Europa (16 euros).
Além de gastar mais, Portugal colhe menos resultados. Itália, Grécia, França e Espanha têm, em média, um risco de incêndio de 0,5 por cento, em termos de área ardida por área total da floresta. Em Portugal, a taxa é quatro a cinco vezes maior.

Este diagnóstico consta da Estratégia Nacional para as Florestas, elaborada pelo Ministério da Agricultura e neste momento em discussão pública. São números que mostram que o cíclico anúncio de mais homens, mais viaturas e melhores meios aéreos não é garantia de sucesso no combate aos fogos. Nos últimos três anos a área ardida total foi de 881 mil hectares, cerca de 16 por cento de toda a superfície ocupada por matos e florestas no país.

Este ano, o Governo preferiu abolir a ideia de "época oficial dos fogos", com o argumento de que o perigo existe em todo o ano. O dia de hoje apenas corresponde ao início da fase Bravo dos incêndios, uma espécie de pré-estado de alerta. Estarão disponíveis 18 meios aéreos, 1780 bombeiros e 413 veículos.

A partir de 1 de Julho começa o período crítico - a fase Charlie. Os meios aéreos sobem para 50, haverá 5100 bombeiros, apoiados por 1188 viaturas. No princípio de Outubro, entra a fase Delta, com contingentes menores.

O reforço de meios tem consumido muitos milhões ao longo dos últimos anos, mas sem grande resultado. Entre 2000 e 2004, gastaram-se 479 milhões de euros na prevenção e no combate aos fogos, segundo um cálculo não exaustivo feito durante os trabalhos preparatórios para o Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios.

Mas as áreas ardidas nesses anos foram brutais: de um mínimo de 112 mil hectares em 2001 passou-se para os catastróficos 426 mil hectares de 2003.

Para a totalidade da superfície de matos e florestas este custo representava 17,8 euros por hectare, em média, chegando a 22,5 em 2004. A Estratégia Nacional para as Florestas, elaborada posteriormente, apresenta o valor actual de 27 euros por hectare. Os gastos foram ultrapassados de longe pelos prejuízos, avaliados em 1,8 mil milhões de euros, só em bens e serviços florestais perdidos e custos de reflorestação, entre 2000 e 2004.

Reduzir área ardida

A proposta técnica do plano para os incêndios previa investimentos de 678 milhões de euros entre 2006 e 2010, com o objectivo de reduzir os fogos a uma área ardida média de 44 mil hectares por ano. O plano final, aprovado na semana passado pelo Conselho de Ministros, escolheu uma meta mais realista: não ultrapassar os 100 mil hectares por ano em área ardida.

Segundo o secretário de Estado das Florestas, Rui Gonçalves, uma meta do plano já está a ser cumprida - a criação de 50 mil hectares anuais de zonas de intervenção florestal (ZIF), que congregam dezenas ou centenas de pequenos proprietários. "Este ano, já vamos em cerca de 80 mil hectares", afirma.

Os resultados das medidas estruturais, como a gestão das ZIF, não vão, porém, ter visibilidade a curto prazo, muito menos já nesta época de fogos. "É óbvio que este ano não vão ter efeito nenhum", diz Rui Gonçalves.

Com aplicação imediata o secretário de Estado aponta para o novo regulamento dos sapadores, que passam a receber financiamento fixo do Estado, durante seis meses, para o trabalho de prevenção de fogos.
Autor: José Palha Publicado em: 15-05-2006 18:13:42 (1219 Leituras, Votos 255)
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