Bombeiros Voluntários de Alcabideche




 

Incêndios florestais: ‘época’ arranca amanhã

A contagem decrescente chegou ao fim. A partir de amanhã, Portugal está em definitivo em plena época de incêndios. O dispositivo de combate tem a sua maior novidade na integração dos 307 militares do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS) da GNR, que serão responsáveis pelo primeiro ataque às chamas. Mas há problemas por resolver, dizem os bombeiros.
O principal, segundo Duarte Caldeira, da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), é a inexistência de um sistema integrado de comunicações de emergência entre as várias forças de Protecção Civil e forças de segurança. “Apesar de terem sido melhoradas as comunicações entre os meios do terreno e os meios aéreos, seria necessário existir no teatro de operações uma forma, tecnologicamente avançada, de todos falarem com todos”, diz Duarte Caldeira.

Lembrando também que a vigilância sanitária dos bombeiros, prevista na lei desde 1986, ainda não existe na prática, o presidente da LBP reconhece que “foram tomadas medidas adequadas este ano, em especial no que respeita à primeira intervenção”. Duarte Caldeira prefere dizer que está mais “expectante” do que “optimista”.

“Independentemente de todas as medidas, há uma série de factores que não podem ser controlados. E se os indicadores meteorológicos forem idênticos aos do ano passado, vamos ter uns meses muito difíceis pela frente”, alertou.

A partir de hoje e até 30 de Junho, durante a fase Bravo, todo o dispositivo vai estar de prevenção. Os meios operacionais serão reforçados, mas estarão ainda longe do grosso da coluna, que só entrará a partir de Julho, e até 30 de Setembro, na fase Charlie. A partir daí, e até 31 de Dezembro, será a fase Delta, que em Janeiro dará lugar à fase Alfa, até 14 de Maio de 2007. O Governo decidiu acabar com a época oficial de incêndios, considerando que o risco é permanente.

Mas não constante. O número de bombeiros e meios aéreos irá crescer progressivamente até 1 de Julho, preparando a chegada dos meses quentes. A partir de amanhã, aos dois helicópteros médios do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil irão juntar-se seis ‘helis’ ligeiros. Na primeira quinzena de Junho vão chegar oito aviões ligeiros e, até ao final do mês, mais dois pesados.

Quando arrancar a fase decisiva, a 1 de Julho, Portugal vai dispor de 24 ‘helis’ ligeiros, dez médios, oito aviões ligeiros, seis médios e dois aviões pesados. No terreno, apoiados pelas aeronaves, vão estar cerca de oito mil elementos, entre bombeiros e militares da GNR.

No ano passado, os incêndios destruíram 250 mil hectares de floresta, provocaram 13 mortes e prejuízos superiores a 500 milhões de euros.

PROFISSIONAIS "SEM PAI"

Pouco satisfeito está o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP). “Continuamos sem pai”, diz Fernando Curto. “O Governo optou por entregar a primeira intervenção à GNR e os bombeiros profissionais permanecem fora do dispostivo de combate. Pertencemos às câmaras municipais, mas as autarquias não estão no dispositivo. Ou seja, estamos clandestinos em relação à lei”, acrescenta. Por outro lado, e tal como o CM noticiou, grande parte das autarquias ainda não entregou os respectivos planos municipais de defesa da floresta.

COMO SERÁ A INTERVENÇÃO

A criação do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR traduz a aposta na primeira intervenção que caracteriza a Directiva Operacional Nacional de Combate a incêndios. Serão os militares da GNR os primeiros a chegar perto das chamas, transportados por helicóptero.

Se o fogo deflagrar a 15 minutos de voo ou a 25 quilómetros de uma base, será enviado um aerotanque, para complementar o primeiro ataque. Os restantes casos, serão avaliados individualmente, levando em conta as prioridades de protecção, o dano potencial e o valor estratégico da área.

Em terra, de acordo com a Directiva Operacional, serão mobilizadas as equipas que estiverem mais perto, sejam quais forem, aproximando-se outras equipas, em triangulação, para um eventual reforço. Em paralelo, máquinas de arrasto e fogos tácticos poderão também ser usados.

GOVERNOS CIVIS APOIAM COMPRAS

Este ano, as corporações de bombeiros deverão adquirir 5220 capacetes de combate a incêndio florestal, 5220 abrigos, 13 050 pares de botas, 26 100 dolmans e calças e 13 050 pares de luvas. Os concursos para a aquisição do equipamento de protecção individual terminam no final deste mês e a sua aquisição terá o apoio financeiro dos governos civis. Para o próximo ano, de acordo com o Ministério da Administração Interna, está também prevista a aquisição de mais equipamento individual de combate a fogos. Cada conjunto deverá custar cerca de quatro mil euros, soube o CM.. A falta de equipamente é a principal razão de ferimentos entre os bombeiros.

MEIOS DE COMBATE AOS FOGOS PARA 2006

FORÇA OPERACIONAL CONJUNTA

Equipas de Combate a Incêndios Florestais: 704 grupos, 3.520 elementos, 704 viaturas

Equipas Logísticas de Apoio ao Combate: 253 grupos, 506 elementos, 253 viaturas

Grupos de Reforço: 13 grupos, 450 elementos, 132 viaturas

Equipas Helitransportadas: 22 grupos, 135 elementos

Pessoal de Apoio Logístico: 158 elementos, 2 viaturas

Pessoal de Apoio a Meios Aéreos: 187 elementos

Comandantes de Permanência às Operações: 103 elementos, 103 viaturas

TOTAL: 992 grupos, 5.059 elementos, 1.194 viaturas

GNR

GIPS (Grupo de Intervenção Protecção e Socorro): 36 grupos, 307 elementos, 36 viaturas

SEPNA e Ex-CNGF (Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR): 136 grupos, 594 elementos, 136 viaturas

MEIOS AÉREOS

2002

3 Helis Médios, 4 Helis Pesados, 10 Aviões Ligeiros, 2 Aviões Pesados.

Total: 19

Custo: 11.635.810 euros

Área ardida: 124.411 ha

2003

19 Helis Ligeiros, 4 Helis Pesados, 10 Aviões Ligeiros, 2 Aviões Pesados.

Total: 35

Custo: 14.225.676 euros

Área ardida: 425.4706 ha

2004

18 Helis Ligeiros, 2 Helis Médios, 2 Helis Pesados, 10 Aviões Ligeiros, 2 Aviões Pesados.

Total: 34

Custo: 14.085.348 euros

Área ardida: 129.539 ha

2005

29 Helis Ligeiros, 6 Helis Médios, 4 Aviões Ligeiros, 6 Aviões Médios, 2 Aviões Pesados.

Total: 47

Custo: 21.313.064 euros

Área ardida: 325.266 ha

2006

34 Helis Médios e Ligeiros, 14 Aviões Médios e Ligeiros, 3 Aviões Pesados.

Total: 51

Custo: +/- 30 milhões de euros

NOTAS

GIPS

Aos 307 elementos do GIPS da GNR caberá a primeira intervenção, para tentar debelar as chamas à nascença.

ASSISTÊNCIA MÉDICA

Os bombeiros reclamam contra o facto de ainda não terem acompanhamento médico periódico.

SEGUROS

Bombeiros têm seguro de acidentes pessoais pago pelas autarquias. Accionar o seguro “pode ser uma dor de cabeça”.

BERIEV EM TESTE

Um avião russo Beriev-200 vai estar estacionado em Ovar e ser testado. Se for aprovado, Portugal deverá ter quatro em 2007.
Autor: José Palha Publicado em: 14-05-2006 11:30:43 (2672 Leituras, Votos 400)
Imprimir    Enviar por e-mail    
Comente este artigo
Nome:  
e-mail:  
Comentário:  
   Desactivado temporariamente
 
 
 
 
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcabideche
Optimizado para resoluções de 800x600.
© 2000 - 2007 Todos os direitos reservados.