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Demissões: Câmaras e associações solidárias com comandantes de Coimbra |
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As Câmaras Municipais e Associações Humanitárias estão ‘solidárias’ com os comandantes de bombeiros do distrito de Coimbra, que lhes apresentaram a demissão na sequência da nomeação de um militar da GNR para coordenar o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) na região.
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As demissões foram apresentadas às direcções dos organismos detentores dos corpos de bombeiros – Associações Humanitárias e Câmaras Municipais –, que não aceitaram os pedidos e manifestaram-se “completamente solidárias” com os seus comandos, apoiando-os em “todas as tomadas de posição que entenderem por convenientes”.
Antes, já tinham pedido a demissão os cinco comandantes operacionais de zona, também descontentes com a nomeação para cargos de chefia de pessoas “estranhas aos bombeiros”.
Para já, os comandantes em causa decidiram não integrar as escalas de serviço do SNBPC, mostrando-se, segundo Jaime Soares, presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra, “indisponíveis para participar em qualquer actividade” organizada pela delegação de Coimbra.
“É uma falta de respeito e consideração pelos bombeiros”, considerou Jaime Soares, revelando tratar--se de uma situação “desagradável e complicada” causada pela nomeação do tenente-coronel Ferreira Martins, militar da Brigada Territorial N.º 5 da GNR de Coimbra, para comandante operacional do distrito.
Jaime Soares sublinhou existir “gente com capacidade e experiência nos bombeiros para desempenhar o cargo”, assegurando não ter “nada contra os militares da GNR”.
O problema, acrescentou, “é que o tenente-coronel nomeado não tem o perfil adequado para a função e não conhece nada das matérias em causa”, razão pela qual questiona: “A GNR ia gostar de ter um bombeiro a comandar a Brigada Territorial n.º 5?”
Mário Lourenço, comandante dos Bombeiros Voluntários de Condeixa, considera tratar-se de uma “situação preocupante”, desejando que exista “bom senso” na resolução do problema.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Penacova, António Simões, adianta que o comando distrital está “fragilizado”, mas assegura que “o socorro às populações não está em causa”.
O tenente-coronel Ferreira Martins, que já começou a exercer as novas funções no SNBPC de Coimbra, depois de ter sido empossado na última quarta-feira, escusou-se a comentar esta situação, uma vez que não conhece as demissões “oficialmente”.
SUBSTITUIÇÃO POLÉMICA
A nomeação de César Fonseca, comandante dos Bombeiros de Vila Nova de Paiva, para o cargo de coordenador do SNBPC de Viseu, também não foi pacífica. A maioria dos comandantes das 33 corporações do distrito queria que se mantivesse João Marques, tendo para isso organizado um abaixo-assinado.
No entanto, segundo alguns subscritores do abaixo-assinado, o descontentamento “já é passado” e a maioria dos comandantes está “de alma e coração” com o novo coordenador de Viseu. César Fonseca também já esqueceu a polémica e agora só pensa em “trabalhar” com a “colaboração de todos”. “Conto com todos os bombeiros do distrito. Eles também sabem que poderão contar comigo”, disse.
DEZ MILHÕES NO AR
O Governo vai pagar 10,1 milhões de euros pelo aluguer, entre 15 de Maio e 15 de Outubro, de seis helicópteros ligeiros, em 2006, e dois aviões pesados anfíbios, em 2006 e 2007, para combate de incêndios aéreos, no âmbito de dois contratos de adjudicação de meios aéreos. Outros cinco contratos aguardam decisão.
O ministro da Administração Interna, António Costa, garantiu ontem que a modalidade de aluguer das aeronaves – com tripulação, combustível e manutenção – permitiu “uma redução substancial” nos preços cobrados por hora. Os helicópteros vão ser alugados à Aeronorte, Transportes Aéreos, e os aviões à Compañia de Extinciíon General de Incêndios.
NOMEAÇÕES
SNBPC DESCONHECE
O presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) afirmou ontem, em comunicado, desconhecer quaisquer demissões e acrescentou que, até às 13h25, nenhum pedido tinha chegado.
BOMBEIROS EM MAIORIA
A análise estatística feita pelo SNBPC à origem dos nomeados para os comandos distritais indica que 70 por cento dos elementos são oriundos dos bombeiros. Os restantes chegam do Exército (8%), da GNR e do próprio SNBPC (6%) e da Direcção Geral de Recursos Florestais (4%).
LIGA CONTESTA DADOS
A Liga dos Bombeiros Portugueses considera que os 70 por cento indicados pelo SNBPC não correspondem à realidade. “São elementos que já podem ter estado ligados a corpos de bombeiros, mas que hoje não estão”, diz Rui Rama da Silva.
ÚLTIMO A CHEGAR
O capitão Mário Martinho, indicado para 2.º comandante distrital da Guarda, deverá ser o último dos responsáveis a tomar posse, uma vez que o seu processo de saída do Exército está atrasado. O militar está colocado na Escola Prática de Engenharia de Tancos.
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Autor: José Palha |
Publicado em: 17-03-2006 12:59:20 (1732 Leituras, Votos 339) |
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