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Mão criminosa nas florestas |
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Cerca de 325 mil hectares – número equivalente em campos de futebol – arderam no ano passado em Portugal. Metade dos casos teve mão criminosa. O fenómeno alastra e preocupa a Polícia Judiciária (PJ).
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Da prevenção à investigação – o debate foi ontem aberto, em Lisboa, a especialistas e jornalistas.
Em discussão esteve a importância da floresta; enquadramento legal para o crime de incêndio – do dolo à negligência; o cálculo do risco de incêndio; a eficácia policial nas investigações – e as duas questões principais: a influência da cobertura dos media e o perfil do incendiário português.
A informação divulgada nos meios de Comunicação Social é, segundo adiantou ao Correio da Manhã o inspector-chefe da PJ, António Carvalho, passível de “despoletar patologias em potenciais incendiários” – nomeadamente “as imagens televisivas”.
Francisco Castro Rego, director-geral dos Recursos Florestais, diz mesmo que parte das acções criminosas até têm origem “à hora do telejornal”.
Passaram ainda pelo debate o procurador-geral da República, Souto Moura, e o director nacional da PJ, Santos Cabral.
"INCENDEIAM ONDE MORAM OU TRABALHAM "
O incendiário português, depois de identificado o seu perfil sócio-psicológico, curiosamente, “mora ou trabalha no local onde provoca o incêndio”, segundo adiantou ao CM o inspector-chefe da Polícia Judiciária, António Carvalho. O mesmo perfil indica que tem entre 25 e 55 anos, condição social baixa, trabalho incerto, por regra é alcoólico, tem fraca capacidade de integração familiar e praticamente só sabe ler ou escrever. A PJ é, para além da investigação criminal, responsável pela prevenção de incêndios, com base no “histórico”, junto de “reincidentes” de fogo posto e de “toda a população de risco”.
Este perfil é resultado de um estudo sobre 63 indivíduos que cometeram o crime de incêndio florestal, entre a zona Centro e o Alentejo, nos últimos cinco anos. Centra-se no comportamento criminal, estuda a sua relação com dados socio-demográficos, história familiar e características psicológicas. “Traçar o perfil socio-psicológico do incendiário português tem grande importância para a prevenção.
Para controlar estes indivíduos é necessário saber quem são e onde se inserem – em que concelho vivem”, refere a mesma fonte. A prevenção tradicional, “genérica”, fica a cargo da Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais, representada no debate de ontem pelo presidente, Luciano Lourenço. |
Autor: José Palha |
Publicado em: 21-02-2006 12:00:24 (1412 Leituras, Votos 273) |
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