|
|
|
Bombeiros salvos da morte em explosão na corticeira |
|
Uma explosão num silo de cortiça da fábrica de Américo Amorim, em Santa Maria de Lamas, feriu ontem com gravidade um bombeiro e um trabalhador civil, enquanto três outros bombeiros sofreram ferimentos ligeiros: dois no combate às chamas e um na sequência de um acidente, quando conduzia uma ambulância em direcção ao local do sinistro, que deve ter começado cerca das 13h50.
|
|
|
Adão Correia de Sousa, de 35 anos, foi o único bombeiro a ficar internado para observações, no Hospital de S. Sebastião, em Santa Maria da Feira, mas, segundo fonte médica, teria tido alta ainda ontem à noite.
“Os médicos dizem que tem 90 por cento de probabilidades de ficar bem”, disse Paula Costa, mulher do bombeiro, que de lágrimas nos olhos expressou um desejo, quase uma súplica: “Não lhe pode acontecer nada porque temos duas filhas, de quatro e seis anos, para criar.”
Frederico Daniel, de 26 anos, e Serafim Augusto, de 22, dois outros bombeiros feridos, receberam alta ao final da tarde.
Um funcionário da empresa, de cerca de 40 anos, que se encontrava com os bombeiros, “apanhou com o vácuo” e sofreu ferimentos graves ao ser projectado contra uma vedação.
O comandante dos Bombeiros de Lourosa, José Oliveira, explicou que “os bombeiros atacavam as chamas em dois silos de granulado de cortiça contíguos. E depois de os arrefecerem, quando se encontravam a cerca de dez metros de altura, um dos silos explodiu”. José Oliveira disse que pelas 15h00 as chamas estavam controladas, mas os 28 bombeiros, apoiados por onze viaturas, só terminaram os trabalhos de rescaldo cerca das 17h30.
Na origem desta explosão terá estado o deficiente funcionamento de uma das válvulas que deveria ter aberto para deixar sair a carga térmica. A empresa, através de um funcionário, que se intitulou “responsável pela segurança privada do Grupo Amorim”, reservou para hoje esclarecimentos sobre o acidente.
"APANHEI UM GRANDE SUSTO"
“Parecia que ia ser o fim do mundo, tal foi a violência do estrondo. Depois vi dois bombeiros a sair do silo com as mãos nas costas e a cair no chão. Pensei que tivessem morrido”, disse ao CM Jesuída Silva, de 63 anos, ainda mal refeita do susto. A parte de trás da sua habitação tem vista para o local onde se encontram os silos da fábrica de cortiça.
Na altura do arrebentamento estava a varrer o pátio e o barulho “muito parecido com o de uma bomba” fez com que assistisse ao pânico dos bombeiros que se encontravam no local. “Já tinha reparado que lá estavam muitos bombeiros, mas até é normal, porque de vez em quando há pequenos problemas e eles vêem logo”, disse Jesuída.
A testemunha conta que os bombeiros feridos foram logo assistidos pelos companheiros e que passado pouco tempo chegaram reforços ao local. “Não houve fogo nenhum, durante todo o tempo o que eu via era água e fumo a sair de lá de dentro”, afirma Jesuída.text1 |
Autor: José Palha |
Publicado em: 13-02-2006 17:30:16 (1583 Leituras, Votos 276) |
|
|
|
|