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Erro do INEM mata idosa |
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Marcou o 112 e comunicou a morte da mãe. Ela não reagia e tinha o corpo frio, disse o filho por telefone, às 22h25, de 23 de Dezembro. Falava de Palmela e o operador do INEM, desde Lisboa, aceitou o óbito. Nenhum veículo de emergência médica foi ao local, apenas a GNR para guardar o ‘corpo’, e, só passado uma hora, os bombeiros foram chamados a remover o cadáver. Só que, afinal, a mulher ainda estava viva. Morreu à entrada do hospital.
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Para os bombeiros, “avaliar um cadáver por telefone com base no que diz um familiar não habilitado” é “clara negligência do Instituto Nacional de Emergência Médica”. Mas, segundo o INEM, este é apenas “o procedimento normal”.
Adelina Oliveira tinha 87 anos e deveria passar o Natal em casa do filho, José, de 68 anos, na Quinta do Anjo, Palmela. Inexperiente, como o próprio admitiu (ver caixa), José Oliveira – um ex-metalúrgico sem conhecimentos médicos – deixou de sentir o pulso à mãe e deu-a como morta, por telefone.
Do outro lado da linha, estava o operador do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), responsável pela triagem. “Se temos o contactante a dizer que a pessoa faleceu, fazemo-lhe perguntas sobre todos os sinais vitais da vítima. E quando nos diz que se trata de um cadáver, o procedimento é não fazer deslocar qualquer viatura médica ao local”, adiantou ao CM uma responsável do INEM, Maria Dores Marques.
Mas para o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, Fernando Curto, “esta situação parece anedótica. O procedimento correcto do CODU seria fazer chegar alguém do INEM imediatamente ao local”. E lembrou os “vários casos em que um corpo parece cadáver, sem o estar. É caricato que o CODU decida em função do parecer de um familiar, sem qualquer tipo de formação...”
Carlos Carvalho, chefe de equipa de urgência, do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, afirma que “a senhora já entrou cadáver na sala de reanimação”. Mas fonte dos bombeiros de Palmela garante que, “minutos antes”, Adelina Oliveira “tinha pulso, temperatura, ventilava e não apresentava mudança de cor. Acabou foi por não resistir...”
"PARECE-ME QUE NÃO RESPIRA"
O CM teve acesso à gravação do telefonema de José Oliveira para o 112, às 22h25 de 23 de Dezembro.
“É a primeira vez que isto me acontece. Acho que a minha mãe morreu às 22h22. (...) Está fria e não dá sinais de vida. (...) Julgo que não respira.(...) Jantou e teve um ataque de tosse que mais tarde acalmou.
Depois ficou deitada. (...) Tem a pela amarelada e parece-me que não respira”, descreveu o filho de Adelina Oliveira ao operador do CODU. O irmão mais novo, Ermelindo Oliveira, de 53 anos, chegou ao pé da mãe pouco depois e recorda ao CM as “várias tentativas de reanimação” que viu os bombeiros fazerem a Adelina Oliveira. Em casa do irmão lembra-se também de ver a GNR, mas uma coisa não esquece: “Não apareceu lá nem uma única viatura médica.”
PORMENORES
ALERTA
O operador do 112 que recebeu a chamada do filho da vítima, às 22h25, só alertou a GNR de Palmela para o óbito. A GNR, já no local é que contactou os bombeiros, eram 23h25.
ESTAVA VIVA
Os Bombeiros de Palmela chegaram à Quinta do Anjo mais de uma hora depois do telefonema de José Oliveira para o 112. Garantem que a mulher de 87 anos ainda estava viva.
TRANSPORTE
Os bombeiros ainda fizeram uma massagem cardíaca a Adelina Oliveira e transportaram-na ao Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde já terá entrado cadáver nas urgências. |
Autor: José Palha |
Publicado em: 04-01-2006 14:40:18 (1373 Leituras, Votos 240) | Fonte: CM |
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