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Fogos ameaçam sobrevivência de comunidades locais |
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Estimativa da Comissão Nacional de Reflorestação |
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O encarregado de missão da Comissão Nacional de Reflorestação, João Pinho, afirmou hoje em Seia que os incêndios florestais constituem uma séria ameaça à sobrevivência das comunidades locais, destruindo recursos sociais e degradando ecossistemas e paisagens.
João Pinho falava nas III Jornadas Técnicas da Urze - Associação Florestal da Encosta da Serra da Estrela, que hoje decorrem em Seia, onde referiu que uma média anual de 213 mil hectares de floresta têm sido consumidos pelo fogo nos últimos anos, sobretudo entre 2001 e 2005.
"Os incêndios florestais verificados nos últimos anos impõem a adopção urgente de uma nova forma de intervenção no território, em especial nas regiões de montanha e do interior, que se contam entre as mais deprimidas do país, do ponto de vista económico e social", disse.
João Pinho sublinhou que, a nível nacional, os fogos florestais "põem em causa a viabilidade de fileiras industriais estratégicas para o país, como a do papel ou a da cortiça e também a capacidade de Portugal cumprir acordos firmados com a comunidade internacional, como é o caso do Protocolo de Quioto ou do compromisso europeu de estancar a perda de biodiversidade até 2010".
Com base nas orientações estratégicas nacionais produzidas pela Equipa de Reflorestação, João Pinho sugeriu a adopção de novos modelos de organização territorial e de gestão, nomeadamente condicionar a expansão e redução das áreas arborizadas e a alteração da composição da floresta, num quadro de racionalidade ecológica e económica e sempre no âmbito das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF)/planos de gestão florestal (PGF)".
O responsável defendeu a "definição e implementação generalizada de medidas de silvicultura preventiva, gestão das galerias ribeirinhas, protecção dos aglomerados populacionais, condicionamento e protecção dos edifícios, a selecção dos modelos gerais de silvicultura mais adequados recorrendo a um conjunto de espécies de utilização prioritária".
Propôs ainda a criação de um "novo modelo de infra-estruturação dos espaços florestais com a concepção, planeamento e execução de redes regionais de defesa da floresta que compartimentam os espaços florestais, garantem a gestão estratégica dos combustíveis e integram as principais vertentes da defesa da floresta contra incêndios".
Por seu lado, Carmen Fernanda Mendes Moreira, docente do Departamento de Engenharia Biológica e Ambiental da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), afirmou que " os incêndios florestais são um problema público".
"Se no início contribuíam para o equilíbrio natural dos ecossistemas, fazendo parte do próprio ciclo de vida das florestas, com o aparecimento do Homem e com o desenvolvimento das suas actividades, o incêndio florestal passou a ser uma fonte de perturbações implicando quase sempre graves perdas e danos, em que as consequências económicas e sociais afectam não só os proprietários directamente atingidos, mas todos os cidadãos", afirmou.
A professora universitária salientou que face à erosão decorrente dos incêndios e das chuvadas de final de Verão/princípio de Outono, "o movimento do solo erodido para as ribeiras, rios e albufeiras causa uma degradação significativa da qualidade da água e modifica as características geomorfológicas e hidrológicas destes sistemas, causando impactos significativos".
Como exemplo citou os acontecimentos recentes da contaminação das águas do Zêzere pelas cinzas dos incêndios florestais.
As Jornadas Técnicas da Urze prosseguem à tarde com a apresentação do Plano Prévio de Intervenções da Unidade de Gestão Florestal do Malhão (Seia) e a leitura das conclusões.
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Autor: José Palha |
Publicado em: 05-11-2005 14:52:33 (1459 Leituras, Votos 294) |
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