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Incêndios florestais: Governo assume fracasso |
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O fracasso das políticas de protecção florestal foi sábado reconhecido pelo ministro da Administração Interna, António Costa, que indicou um aumento de 13 por cento nas verbas do Orçamento de Estado destinadas à protecção civil. O governante falava no Parque das Nações, em Lisboa, onde se realizou uma cerimónia de homenagem pública aos bombeiros portugueses, no âmbito da qual foram condecorados a título póstumo os 12 bombeiros que, este ano, perderam a vida no combate às chamas.
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António Costa revelou ainda que o governo convocou "um conselho de ministros extraordinário para o próximo sábado com o objectivo de analisar as conclusões do relatório da Agência para a Prevenção dos Incêndios Florestais". A propósito da vaga de incêndios deste ano - 35 mil fogos que queimaram cerca de 300 mil hectares de floresta , o ministro lembrou que, em 2005 ocorreram "seis dos dez dias em que, nos últimos cinco anos, o risco de incêndio foi mais elevado". Por seu lado, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, também presente nas cerimónias, apontou como causas das falhas na protecção florestal "o êxodo rural, a precária gestão das florestas e a falta de firmeza na aplicação da lei". Assegurando que o Fundo Florestal Permanente vai continuar a existir, o governante afirmou que este será usado nas mudanças futuras, que passam também "por um maior rigor na aplicação das leis existentes e por alterações à legislação que vão trazer novas responsabilidades a todos, do Governo aos proprietários florestais". Na cerimónia no Parque das Nações foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito o director da autoridade Nacional para os Incêndios Florestais de 2005, tenente general António Luís Ferreira do Amaral, assim como os bombeiros que morreram em serviço e que receberam a título póstumo a Medalha de Ordem do Mérito. Em 2005, ano em que a média atingiu os oito incêndios por bombeiro no activo, morreram 12 soldados da paz, oriundos de corporações de Mogadouro, Oliveira de Azeméis, Coimbra, Guimarães, Paço de Sousa, Pampilhosa da Serra e Santa Marta de Penaguião. Na homenagem pública estiveram também representantes da Espanha, França, Holanda e Chile, países que - com a Itália e a Alemanha - prestaram apoio no combate aos incêndios este ano em Portugal. Entretanto, o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira, lamentou sábado que os bombeiros sejam usados como "bodes expiatórios" quando "faltam políticas de prevenção que poupem as florestas". Falando no Parque das Nações, o responsável contestou a "crítica fácil e tendenciosa de falsos analistas" e sublinhou que "falta rumo à floresta portuguesa". Na opinião do presidente da Liga de Bombeiros, a situação que se verificou em 2003, ano em que a área ardida ultrapassou os 400 mil hectares, foi "uma consequência de omissões, erros, incapacidades e incompetências que se registaram ao longo de mais de duas décadas". Considerando que "o sistema de protecção civil e bombeiros tem sido um parente pobre no Orçamento de Estado, quando devia ser prioritário", o responsável fez questão de sublinhar que os bombeiros portugueses têm uma palavra a dizer "num sistema de protecção civil e bombeiros que seja mais eficaz". |
Autor: José Palha |
Publicado em: 24-10-2005 15:50:12 (1345 Leituras, Votos 283) |
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