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Quebra de confiança |
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A Liga Portuguesa dos Bombeiros (LPB) suspendeu hoje todos os contactos com o Instituto Nacional de Emergência Médica por "quebra de confiança nos seus dirigentes", anunciou o organismo. |
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A decisão foi tomada na reunião do Conselho Executivo da LBP (CELBP), que analisou a posição assumida pelo Ministério da Saúde relativamente aos bombeiros, no que respeita à revisão das condições da prestação de serviços de transporte de doentes e de emergência pré-hospitalar à população.
Em declarações à Agência Lusa, o presidente da LBP, Duarte Caldeira, afirmou que a suspensão dos contactos com o INEM é por "tempo indeterminado", mas assegurou que os bombeiros estão abertos ao diálogo. "Nós não fechamos as portas, não queremos é que ninguém as feche", disse Duarte Caldeira.
Em causa estão os procedimentos impostos pelo INEM de que todas as chamadas de emergência médica feitas para os quartéis de bombeiros do distrito de Lisboa sejam reencaminhadas para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica.
O presidente da LBP frisou que "os bombeiros não estão em desacordo com o conceito fundamental de medicalização do sistema" de socorro pré-hospitalar e de emergência, mas contestam que "o INEM, não tendo condições para assegurar as suas responsabilidades, e carecendo da parceria dos bombeiros, a utilize sem respeito pelos parceiros".
"Os referidos procedimentos foram impostos sem prévio debate ou anuência das associações/corpos de bombeiros e adequada articulação com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, constituindo uma alteração significativa dos protocolos que o INEM celebrou com LBP e com o Serviço Nacional de Bombeiros há 23 anos", refere, por sua vez, o CELBP em comunicado.
O CELPB adianta que o INEM, ao impor o encaminhamento obrigatório de todas as ocorrências através das centrais CODU, alegadamente para permitir a triagem médica das mesmas, está a "mentir", uma vez que as chamadas de socorro não são atendidas por médicos, mas sim por operadores de central.
Os bombeiros lembram que as centrais da CODU atendiam apenas chamadas de um distrito e agora atendem de vários, "o que aumentou o volume de chamadas recebidas, sendo tratadas pelo menos número de operadores e médicos de serviço".
"Reafirmamos que estamos de acordo com a medicalização do socorro desde que feita por médicos e de acordo com critérios uniformes de triagem", lê-se no comunicado.
A Liga dos Bombeiros Portugueses afirma ainda que o INEM persiste em interferir no funcionamento dos bombeiros, impondo-lhes regras unilateralmente, para "esconder as sua fragilidades".
No comunicado, o Conselho Executivo da Liga Portuguesa dos Bombeiros reivindica ainda um "desmentido formal do Governo quanto à existência no seio do INEM de lobbies claramente apostados na privatização da emergência pré-hospitalar".
Os bombeiros, diz o Conselho, esperavam que o ministro da Saúde, Correia de Campos, "tivesse a disponibilidade para corrigir este equívoco". No entanto, acrescenta, o "ministro da Saúde deu instruções para que o equívoco fosse avalizado, reforçando a posição desleal do INEM para com o parceiro bombeiros e prestando um mau serviço aos portugueses".
Duarte Caldeira adiantou à Lusa que os bombeiros esperam agora uma posição do ministro da Saúde para tentar encontrar uma solução para esta situação.
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Autor: José Palha |
Publicado em: 24-09-2005 19:47:00 (1373 Leituras, Votos 289) |
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