Bombeiros Voluntários de Alcabideche




 

Bombeiros portugueses estão mal equipados

É com a roupa que têm no corpo que seguem para o combate a incêndios. «Falta equipamento aos bombeiros portugueses, principalmente em termos de segurança.
Partem desprotegidos e «por isso surgem queimaduras ou a morte». Alguns, garante Xavier Viegas, «poderiam ter sido salvos», mesmo no incêndio em Mortágua.

Não estão devidamente equipados» e assistimos a «falhas em termos de segurança. Por isso surgem casos de bombeiros que sofrem queimaduras mais ou menos graves, mas também histórias de morte». Xavier Viegas, responsável pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial, e professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, há muito que coordena uma equipa que estuda os incêndios. É esse saber acumulado que faz com que admita que, «mesmo no caso do incêndio de Mortágua, onde morreram bombeiros, alguns poderiam ter sido salvos. Isto se os bombeiros tivessem equipamento individual de protecção, o que não acontece na maioria das situações».

Xavier Viegas afirma-nos que «é grande o número de bombeiros portugueses que não possui este equipamento pessoal de protecção, tal como também não está atribuída, por exemplo, uma tenda abrigo, onde os bombeiros se poderiam refugiar e que custa algumas dezenas ou centenas de euros». A segurança falha ainda no transporte de bombeiros e «não são raras as vezes em que há vários elementos fora das cabines e vão no exterior das viaturas em circulação. É uma questão de cultura de segurança que, neste caso, ainda tem muitas falhas».

Xavier Viegas regressou este fim-se-semana de Espanha, onde esteve a presidir à comissão de inquérito ao incêndio florestal em Guadalajara, a convite do Governo espanhol. No regresso a Coimbra encontrou uma cidade chamuscada pelo fogo, «o que não me surpreendeu, o fogo ter entrado na área urbana.

Foi em Coimbra que se deu a lição, mas como poderia ter acontecido noutra cidade». Só que aqui, a equipa com quem trabalha na Associação já admitia que isso poderia acontecer. «Já tínhamos identificado prédios localizados em zonas urbanas que estavam em elevado risco. Alguns ainda estão. Basta olhar para a cidade e ver a mancha de vegetação e arvoredo que há à volta», pela falta de limpeza e planeamento.

«Há muita incúria», quando não se limpa à volta das casas ou quando não se fazem faixas de limpeza na floresta «que permitam delimitar ou restringir o incêndio». Junta-se ainda o «ano verdadeiramente excepcional e com condições que exigem medidas muito excepcionais», acrescenta, só que, em Portugal, «o problema da floresta é encarado com pouca seriedade. O professor da Faculdade de Ciências de Coimbra reconhece que «é dispendioso preparar a floresta, mas é preciso cortar as manchas e criar faixas de descontinuidade, ficávamos mais seguros».

À Mata Nacional de Vale de Canas nada disso valeu. «O que ali está é uma autêntica caldeira e qualquer incêndio que entrasse em Vale de Canas seria extremamente difícil de conter. Não deixar entrar era a única salvação». À sina da época dos fogos, juntam-se as condições excepcionais do Verão de 2005 e a seca extrema que também faz com que os «incêndios, este ano, tenham como característica a capacidade de fazerem múltiplas projecções. O incêndio pega em qualquer situação e isso continuará a acontecer se não chover. É esta a nossa dependência, das condições meteorológicas», sublinha.
Autor: José Palha Publicado em: 30-08-2005 09:37:02 (1807 Leituras, Votos 296)
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