Bombeiros Voluntários de Alcabideche




 

Medidas na gaveta

Das 52 acções apontadas na sequência dos fogos florestais de 2003, apenas cinco foram concretizadas Instabilidade política dificultou alterações legislativas de fundo.
Seja por instabilidade política ou por incapacidade técnica, o país não consegue aprender com os erros.

A conclusão salta à vista olhando para as medidas de intervenção preconizadas pelo Livro Branco (elaborado após o dramático Verão de 2003, em que morreram 20 pessoas) e fazendo o balanço das tarefas cumpridas - cinco de 52, ou seja, menos de 10%.

Ao todo, organizadas em diferentes níveis e divididas em duas grandes categorias - medidas práticas a introduzir de imediato e medidas legislativas -, foram apresentadas pelo Ministério da Administração Interna, em Outubro de 2003, 52 acções envolvendo serviços da Administração Central, municípios e Liga dos Bombeiros Portugueses. Vinte meses mais tarde, apenas foram concretizadas duas práticas e três legislativas.

O contexto político explica parte das falhas (resumidas no quadro ao lado), particularmente as legislativas, já que desde Outubro de 2003 o país foi governado por três executivos diferentes. Em Novembro do ano passado chegou a ser divulgada uma anteproposta de nova lei orgânica do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, que acabaria por cair devido à demissão do Governo presidido por Santana Lopes.

Ao chegar ao Ministério da Administração Interna, a equipa de António Costa assumiu não ter tempo para alterações estruturais e optou pela criação da Autoridade Nacional dos Incêndios Florestais 2005 (em actividade até Outubro) e pelo reforço de competências dos comandantes de operações distritais e nacional. As novas competências, contudo, não entraram ainda em vigor, já que o documento foi aprovado, em Abril, em Conselho de Ministros, mas falta a promulgação e publicação em Diário da República.

Independentes de decisões políticas, também as chamadas medidas práticas imediatas falharam. Excepção para a criação de um centro de formação especializada em incêndios florestais, já a funcionar na Lousã (gerido pela Escola Nacional de Bombeiros) e para a actualização da Carta Nacional de Risco (projecto desenvolvido por uma equipa do Instituto Superior de Agronomia).

De resto, foram revistos, no âmbito da Direcção-Geral de Recursos Florestais, dois decretos e uma portaria referentes a normas de combate a incêndios florestais e de prevenção.

Comissão técnica \"fictícia\"

O caso da morte de quatro bombeiros sapadores de Coimbra, num incêndio em Mortágua, a 28 de Fevereiro, é um exemplo paradigmático da incapacidade de tirar lições dos acidentes. A 23 de Março, ao anunciar as conclusões do inquérito, o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil apontou uma falha de posicionamento da equipa e anunciou a constituição de uma comissão interdisciplinar para estudar o chamado efeito chaminé.

José Augusto Almeida, comandante dos Sapadores de Coimbra, e o professor universitário Xavier Viegas, dois dos quatro elementos anunciados para a referida comissão, garantiram ao JN que foram informalmente contactados, mas o grupo não foi oficialmente constituído e, até hoje, nunca reuniu.

Autor: José Palha Publicado em: 09-06-2005 (1301 Leituras, Votos 298)
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