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Maiores riscos advêm da falta de cultura de segurança |
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A falta de uma cultura de segurança em Portugal e a indiferença foram esta sexta-feira apontadas por especialistas como «fatais» em casos de sismo, durante um seminário sobre o tema que decorre em Benavente, distrito de Santarém. |
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No primeiro painel do seminário «Actuação em Emergência no caso de sismos e outras calamidades», promovido pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Segadães Tavares, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, apontou a «displicência» com que é encarada em Portugal a segurança dos edifícios, apesar de existirem meios, técnicos e de haver tradição em construção anti- sísmica.
Alertando para a forma como são construídos os edifícios, sobretudo em zonas de risco, como é o caso de Lisboa, Segadães Tavares lamentou que os responsáveis das obras não sejam responsabilizados pelo que estão a fazer.
Sublinhando que Portugal tem «das melhores regulamentações sísmicas», o especialista disse que o problema é a falta de aplicação da lei, por razões que vão da «ignorância e má fé» à «actuação consciente», numa prática de concorrência desleal que leva a «soluções falsamente mais baratas».
No seu entender, no momento actual, o país não tem condições para efectuar um controlo de qualidade e rever todos os projectos.
Como medida dissuasora, considerou que anualmente deveriam ser seleccionado «um número limitado de projectos e, com a intervenção de organismos qualificados», serem objecto de auditorias, penalizando fortemente quem não respeite a lei.
Na mesma linha, Mário Lopes, professor do Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico e membro da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica (SPES), afirmou que «o mais importante é o que se faz antes e não depois» da tragédia acontecer, sublinhando que as consequências dos sismos dependem sobretudo da acção do homem.
«Nunca é possível eliminar totalmente as consequências de um sismo, mas elas podem ser drasticamente reduzidas» se houver actuação prévia, nomeadamente ao nível da segurança dos edifícios, defendeu.
O especialista lamentou ainda a «incapacidade e a negligência» que imperam no país.
Apontando a ausência de uma política «global e coerente para enfrentar o problema sísmico», Mário Lopes exemplificou com o facto de na região de Lisboa entre meio milhão e um milhão de pessoas viverem em casas sem cálculo sísmico e de pouco se ligar à qualidade da construção.
Salientou ainda o facto de se fazerem intervenções que reduzem a resistência dos edifícios, sem que a legislação tenha mecanismos que o possam impedir, dando como exemplo a baixa lisboeta.
Fonte: Lusa
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Autor: José Palha |
Publicado em: 22-04-2005 (1439 Leituras, Votos 311) |
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