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RAPOSA vai integrar coorporação de Bombeiros |
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Raposa é o nome de um robô de busca e salvamento, desenvolvido pelo Instituto Superior Técnico e pela IdMind, que promete tornar-se um fiel companheiro dos bombeiros, em cenários de treino ou em desastres reais.
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Chama-se Robot semi-Autónomo Para Operações de Salvamento, ou RAPOSA, e é fruto de um projecto desenvolvido pelo Instituto Superior Técnico e pela IdMind, celebrado com a Agência de Inovação, ao abrigo do Programa POSI. Este autómato com 22 kg de peso, 65 cm de comprimento e 14 cm de altura é tele-operado remotamente, e promete tornar-se o mais bravo, rápido e resistente bombeiro português de que há memória, sobretudo em ambientes hostis à presença humana. As suas medidas não são as da Sofia Aparício mas «foram calculadas tendo em conta as dimensões standard de degraus de escadas e o diâmetro de manilhas (canos de esgoto), por serem estruturas que aparecem frequentemente em cenários de escombros de edifícios», explicou Pedro Lima, investigador do Instituto de Sistemas e Robótica, do Instituto Superior Técnico (IST), ao Ciberia. O RAPOSA vai avançar nas situações mais complicadas e enviar, em tempo recorde, informação preciosa para um terminal exterior, onde está alguém que descodifica a mensagem. Os múltiplos sentidos deste robô - «webcams, câmara térmica, sensores de inclinação, de humidade, de temperatura e de gases nocivos» - permitem-lhe captar informações vitais, como se há ou não pessoas por entre os escombros. Esses dados são armazenados num computador de bordo e posteriormente enviados para a consola de operação exterior. Tal como nos explicou Pedro Lima, este autómato é alimentado através de «um cabo de 30 metros que vai desde a estação de operação até ao robô e que pode servir para o puxar, em caso de emergência». Este cabo pode ser solto, oferecendo-lhe uma maior liberdade de movimentos e o robô mantém a sua energia a partir de baterias internas. Depois de cumprir a sua missão, o RAPOSA pode voltar a capturar o cabo. Graças ao seu braço frontal, ele consegue transpor obstáculos de altura considerável, e alterar o seu centro de massa para facilitar essa transposição. Este ciber-bombeiro, desenvolvido com a ajuda do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa, é ainda capaz de subir e descer escadas na perfeição.
Testing...testing........... Missão Cumprida
Depois de ter passado nos três testes a que foi submetido, este invento já excedeu as expectativas de todos os que nele investiram o seu engenho e entusiasmo. As provas foram realizadas nos dias 5, 7 e 14 de Março, na Escola do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSBL), em Chelas, e duraram meio dia cada. Durante esse período, o RAPOSA «andou pelos escombros, que simulam um cenário de destruição pós-terramoto (subindo e descendo entulho, movimentando-se no interior de um cano com a extensão de 40 m, onde se encontravam pneus e outro entulho) e dentro de uma casa, subindo e descendo escadas, movimentando-se em zonas de pouca iluminação, com e sem o cabo ligado», relata Pedro Lima. Depois desta experiência, um elemento da Escola do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa (RSBL), em Chelas, concluiu que o robô conseguiu fazer em meia hora, aquilo que levaria pelo menos 3 horas a ser feito por equipas \"humanas\", já que isso implicaria tomar várias medidas de segurança. Pedro Lima garantiu ao Ciberia que «tal como está, (o RAPOSA) é utilizável num grande número de cenários reais e com grande fiabilidade» mas confidenciou-nos que há alguns aspectos que podem ser melhorados. «O robot necessita de rodas de diâmetro um pouco superior para evitar patinar quando está sobre calhaus de pequena dimensão», diagnostica. «Para além disso, as comunicações sem fios sofrem de alguns problemas de largura de banda quando transmitimos o sinal vídeo (apesar de este estar bastante comprimido por algoritmos especiais), sobretudo em ambientes mais confinados (por exemplo, dentro do cano) ou com muita gente a comunicar (telemóveis, portáteis com wireless)», explicou ainda o investigador.
O Instituto de Sistemas e Robótica do IST participou em todas as fases de idealização, proposta e desenvolvimento do projecto mecânico e electrónico e «foi responsável pelo software que dá acesso aos motores e diversos sensores, bem como pela interface gráfica com o operador», detalhou o professor universitário. Este trabalho foi desenvolvido em parceria com uma PME, que foi um spinoff do ISR, a IdMind, uma das poucas empresas portuguesas que se dedica ao desenvolvimento de robótica. Em articulação com os Bombeiros Sapadores de Lisboa, que lhes reportaram as suas necessidades, esta empresa decidiu quais deveriam ser os “orgãos vitais deste robô”, construiu o aparelho, toda a parte electrónica, à excepção do próprio computador que está a bordo, e a parte técnica que permite a conexão entre a electrónica e o computador que está no seu interior.
O futuro deste e de outros robôs
O RAPOSA é propriedade do ISR/IST mas já «está à disposição dos bombeiros, em particular do RSBL, para utilização em missões de busca de sobreviventes em cenários de destruição». Pedro Lima revelou ao Ciberia que já foi contactado por outras instituições, como a GNR, estando neste momento em discussão, a possibilidade de construir robôs semelhantes para fins de vigilância. «Gostaríamos muito que surgisse a possibilidade de fabricar um número considerável de robôs deste tipo em Portugal, nomeadamente para utilização das corporações de bombeiros», acrescentou, entusiasmado. Questionado sobre a aplicação prática que a robótica pode ter na vida quotidiana, este especialista desmistifica a imagem estereotipada que temos dos robôs e garante que cada vez mais a robótica está a invadir o nosso dia-a-dia, mesmo sem nos darmos conta disso. De facto os exemplos são mais que muitos. «Redes de sensores, uns estáticos, outros móveis (que são autênticos robôs) vão vaguear pelas casas inteligentes do futuro; aspiradores autónomos já o fazem nos nossos dias; alguns aeroportos têm já comboios sem condutor, e muitos sistemas de auxílio à condução vão sendo instalados em veículos automóveis, em resultado da investigação em robótica», exemplifica. «Isto para não falar nas naves interplanetárias, rovers planetários e satélites de observação da Terra, que são autênticos e sofisticados robôs com um grande impacto, ainda que indirecto, nas nossas vidas presentes e futuras», conclui.
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Autor: José Palha |
Publicado em: 04-04-2005 (1871 Leituras, Votos 363) |
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