|
|
|
Seca extrema |
|
A seca extrema instalou-se em 46% do território e já não há qualquer faixa de Portugal continental que possa classificar-se no grau de seca fraca. |
|
|
Tudo é mais grave e a tendência é para que se agrave ainda mais.
Hoje, o grupo de acompanhamento da seca, constituído por diversas entidades, divulga o seu balanço da situação, que virá associado ao aconselhamento de medidas de mitigação do problema, cujos efeitos económicos e sociais ainda mal começaram a fazer-se sentir. As perspectivas para o próximo trimestre são carregadas, mas não de chuva. As esperanças de melhoria terão de transferir-se só lá para o Outono, com um Verão difícil de permeio.
Nos últimos 15 dias, 13% do território passou da situação de seca severa a seca extrema, segundo o levantamento feito pelo Instituto de Meteorologia (IM). Apenas pequenas manchas, que perfazem 12%, estão num segundo grau de seca moderada. Não escapa, sequer, qualquer faixa no litoral ou no Norte.
A tendência será para que tudo se agrave. De acordo com a climatologista Fátima Espírito Santo, do Centro de Análise e Previsão do Tempo do IM, até sábado próximo não vai chover, as temperaturas aumentam e, depois de períodos de chuva de domingo a terça-feira, mais frequentes no Norte e Centro, deixa outra vez de registar-se precipitação.
O Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo continua a traçar como cenário o trimestre de Março a Maio com precipação inferior ao normal. Nem num Abril chuvoso se poderá ter esperança.
A acentuar os efeitos da falta de chuva, o cenário para as temperaturas é de valores superiores ao normal, o que será mais acentuado nas regiões do Sul, precisamente as mais afectadas pela escassez de água.
\"Em seca extrema\", sublinhou,Fátima Espírito Santo, \"os impactos tornam-se cada vez mais notados\". As barragens descem as suas reservas já fracas, a qualidade das águas diminui acentuadamente, ainda mais com o aumento da temperatura a ajudar à eutrofização, os outros recursos hídricos ressentem-se também e as culturas de Primavera já nem são feitas.
Certo é que, no passado fim de semana alguma precipitação caiu. Só chuviscos. Curiosamente, em algumas das zonas mais atingidas pela seca, como o Baixo Alentejo e Algarve. Mas, mesmo o valor mais alto, de 16,4 milímetros, em S. Brás de Alportel, não chegou aos 43% da média para esta época. Em termos de território continental, essa pouca chuva foi inferior a 65% do valor normal para as primeiras quinzenas de Março, sendo que, em muitas regiões, esse valor ficou a zero.
Se daqui para a frente chovesse dentro da média, dificilmente a situação de seca se desagravaria, refere a mesma especialista, assinalando que, desde Janeiro, a região Noroeste e parte das regiões Centro e Sul se encontram em situação de seca extrema - o índice mais grave.
Os níveis de seca, recorde-se, são calculados tendo em conta a precipitação, a temperatura e a água no solo.
A percentagem de água no solo encontrava-se, até ontem, em valores muito reduzidos. Assim, a capacidade de as plantas usarem essa água estava a 50%, nas regiões do Centro e do Sul, e a menos de 30% na margem esquerda do Guadiana e no Algarve. Tais valores são muito inferiores à média para meados de Março.
Hoje são divulgados os levantamentos feitos por diversos departamentos que acompanham a evolução da seca, e cujos dados estão a ser coordenados pelo Instituto da Água. Da confluência de tais dados, envolvendo nomeadamente a Protecção Civil, Florestas, Hidráulica, Comissões de Coordenação Regionais e Associação de Municípios, é esperada uma posterior tomada de medidas, de acordo com a gravidade crescente do diagnóstico. |
Autor: José Palha |
Publicado em: 16-03-2005 (1091 Leituras, Votos 247) |
|
|
|
|