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Negócio de 150 milhões |
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O estudo encomendado pelo Ministério da Administração Interna sobre a estratégia de combate aos incêndios florestais conclui pela necessidade de compra de seis aviões Canadair. |
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Negócio no valor total de 150 milhões de euros e que será concretizado através da Omni - Aviação e Tecnologia, representante exclusiva das aeronaves em Portugal. A Omni faz parte do universo do Banco Português de Negócios (BPN), ao qual o ministro da Administração Interna, Daniel Sanches, esteve ligado como administrador de várias empresas antes de entrar para o Governo de Santana Lopes.
E o BPN, por sua vez, está integrado na holding Sociedade Lusa de Negócios (SLN), à qual está ligado o deputado e dirigente do PSD Manuel Dias Loureiro.
De acordo com a última «declaração sobre o valor do património e rendimento dos titulares de cargos políticos e equiparados» entregue por Manuel Dias Loureiro no Tribunal Constitucional, tal como obriga a lei por ser deputado à Assembleia da República, este dirigente declarou ter ocupado o cargo de «administrador da Sociedade Lusa de Negócios», entre outros cargos sociais em empresas.
Segundo o estudo de combate aos incêndios, noticiado pelo DN no passado sábado, é recomendada a «aquisição de seis aviões anfíbios pesados Canadair», marca canadiana detida pela Bombardier e representada em exclusivo no nosso país pela empresa Omni - Aviação e Tecnologia, Lda.
O estudo não refere ter sido feito qualquer contacto com outra empresa tendo em vista a possível aquisição. A Omni foi mesmo a única contactada no estudo.
Actualmente, o Estado já recorre aos serviços da Omni, dado alugar-lhe, através do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, aviões Canadair para combater os fogos que fustigam o País durante os meses do Verão.
Ainda de acordo com o estudo, encomendado pelo Governo à Roland Berger Strategy Consultants, e que ficou concluído no passado mês de Novembro, cada um dos Canadair «custa 25 milhões de euros». No total, trata-se portanto de um negócio que ascende a 150 milhões de euros, ou cerca de 30 milhões de contos em moeda antiga.
De acordo com o organograma do grupo SLN, disponível no site do BPN, a holding SLN, SGPS, SA agrupa, entre outros, o BPN, SGPS, SA (que detém o banco propriamente dito), a SLN, NT, SGPS, SA (para as empresas de novas tecnologias) e a Pleiade, SGPS, SA, para a «área de indústria de transportes e serviços» e que agrupa a Inapal, a Omni, a Starzone, a Vsegur, a Geslusa e a Global Pet.
Ao DN, o chefe de gabinete do secretário de Estado adjunto da Administração Interna, Paulo Pereira Coelho, limitou-se a dizer que «ainda é cedo para falar sobre a questão dos meios aéreos. Só talvez depois de esse plano de combate a incêndios ser apresentado para aprovação na próxima reunião do Conselho de Ministros».
O chefe de gabinete remeteu portanto para mais tarde uma decisão sobre a compra das referidas aeronaves.
Da parte da Omni, o administrador Miguel Costa, contactado pelo DN, disse «desconhecer as conclusões do estudo» encomendado pelo Governo e também não saber «quais os meios aéreos que vão ser contratados para o Verão do próximo ano».
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Autor: José Palha |
Publicado em: 22-12-2004 (7306 Leituras, Votos 344) |
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